terça-feira, 14 de dezembro de 2021

o relógio da estação marcava



o relógio da estação marcava
dezanove e quarenta

um alto e entroncado homem
sorria de um dos lados da linha

todos os dias

do outro sorria uma mulher
com os seus dezanove
e quarenta anos

a reter, os brincos da mulher
estridentes de silêncio

e as botas dele
invulgarmente mudas

a dilecção dela
eram homens pontuais

a dele mulheres
sorridentes ao silêncio

dia dezanove de um mês
invernoso
do ano de quarenta

de um lado da linha
não havia vislumbre
de mulher ou homem

e do outro
também não

Autor : Nuno Travanca

2 comentários:

Paula Saraiva disse...

Bastante interessante. Gostei de ler.

Beijos.

https://duasirmasmaduras.blogspot.com/?m=1

brancas nuvens negras disse...

Uma curta e bela história em forma de poema.
Um abraço.