Gostava de saber dizer-te o que me vai na alma, e endireitar
a minha cabeça no teu corpo, assim, a sentir o cheiro que brota da tua pele, e
sentir-me serena e sem medo. Mas o meu medo é só meu. Tu não tens medo. Não necessitas.
Tudo para ti é relativo. É dia novo dia vivido com adrenalina e sempre no fio
da linha. Sem reservas. Sem conjecturas. Sem correntes. Eu desejava ser como tu.
E não sou. Nunca serei. Ainda penso em ti. Ainda sinto saudades de ti. E sei
que neste exacto momento. Tu nem sabes nem te lembras mais de mim. E que se um
dia adormeceste no meu corpo. Hoje outro corpo deve adormecer no teu. E eu
estou a pensar que os pássaros vão e voltam, e que tu não vais voltar. Porque na
ânsia de viver tu ainda não viveste e quiçá já morreste na planura de algum voo
mais arriscado.
BeatriceM 30-06-2013
Foto Carlton Clare
Foto Carlton Clare