quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

...

 

tínhamos os olhos muito abertos.
queimávamos madrugadas de fio a pavio
e as aves desmanteladas que te dava para consertares
conheciam sempre finais felizes.

foram noites gigantes
a olhar pelo buraco da agulha
e a imaginar que do outro lado chegavam as mãos
e as bocas e os peitos.

ocupámos a casa inteira
e suturámos lentamente o coração.

agora estou dentro do sono.
um barco encalhado assinala esta tragédia
e já não sei como convocar os ventos e as marés.
as noites passam lentas e perseguem-me
como animais ainda por nomear.

Autor : Leonor Castro Nunes
Imagem : Natália Drepina

6 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Foto e poema, deslumbrantes. Conjugação poética perfeita.
.
Continuação de boas festas. Feliz Ano Novo.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Paula Saraiva disse...

Gostei muito
Beijinhos

Boas festas

LuísM Castanheira disse...

Eu li.
Mas quando as noites são de agonia
e os pássaros perdem as penas
prefiro acordar sem pesadelos
e olhar o dia entroncado numa árvore
onde pássaros esperam por mim)
Um poema doloroso.
Um beijo, B

Paula Saraiva disse...

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Boas festas

Cidália Ferreira disse...

Um poema muito bonito!!
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O Ano nasceu e termina...em reflexão
-
FELIZ ANO NOVO, A TODOS OS FAMILIARES E AMIGOS, EXTENSIVO AOS QUATROS CANTOS DO MUNDO. QUE NO ANO VINDOURO CONTINUEMOS NESTA NOSSA ETAPA, POÉTICAMENTE FALANDO. 📌
.
ABRAÇOS

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso poema, como sempre !!
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O Ano nasceu e termina...em reflexão
-
FELIZ ANO NOVO, A TODOS OS FAMILIARES E AMIGOS, EXTENSIVO AOS QUATROS CANTOS DO MUNDO. QUE NO ANO VINDOURO CONTINUEMOS NESTA NOSSA ETAPA, POÉTICAMENTE FALANDO. 📌
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ABRAÇOS