sábado, 31 de janeiro de 2015

...


Matteo Artanotti

Queria escrever...escrever algo só para ti! Escrever palavras de ternura, de magia. Queria dizer-te com elas o que sinto. Explicar os sentimentos, colocando em cada silaba os meus sentidos.

Peguei numa folha e pedi ao coração para escrever seu ritmo e fazer das palavras uma melodia que pudesse embalar teu coração. Esperei…

Cada palavra que nascia imensa no peito, ficava pequenina, perdida no deserto de uma página em branco. Não sabia como dizer as palavras que vinham da alma...

Pintei a folha de azul, cor de céu onde as nuvens se fazem algodão sempre que te invento junto a mim. Coloquei no meio uma pequena lágrima que depressa se transformou em mar calmo. Num cantinho, desenhei um sorriso perfeito e ele logo se fez sol.

Olhei para a folha, e pareceu-me perfeita, até notar que havia na praia dos sentidos a tua ausência e a falta de ti. O mar que senti calmo, tinha tempestades de emoções e o sol queimava de saudades...

Queria escrever...escrever algo só para ti. Não fui capaz, porque não se escreve o amor que se sente, a doçura de um beijo, a dor de uma saudade...


F__S

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Deita-te aqui

Deni-Soul
Deita-te aqui - esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para
sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me

também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que

quiseres está bem - tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,
dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.


Autor : MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA,
in POESIA REUNIDA (Quetzal, 2012)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Silêncios



oleg oprisco


Talvez eu goste dos teus silêncios
porque não trazem laços.
Sentados junto ao rio que corre
esquecemos palavras.
Apenas o teu olhar escreve alfabetos
tão antigos como o homem.
Tenho perguntas para fazer
mas navegam num barco de papel
feito das últimas letras que escrevi.
Deixo o meu ombro desnudar-se
e secar-te os discursos.
Agora, já só tens um desejo
gritado no silêncio.
Não levamos connosco âncoras
de passado ou futuro.
Só temos o momento a tremer nas pestanas
e a escorregar devagar pelas margens do corpo.
E se eu quiser
pronunciar palavras proibidas
por favor não me deixes fazê-lo
e sela com a tua a minha boc
a.
© Margarida Piloto Garcia

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Poeta


Fabian Perez

Por haver quedas de água nos seus olhos,
é que é possível intuir, no sulco do poema,
a livre aprendizagem da vida.
Incessante, a sua voz se eleva em rotação de luz
e rompe o círculo das sombras
tão próximo dos lábios
que mais parece a íntima alegria de cantar.
Entre os seus dedos uma ave palpita,
perturbada, como se urdisse em seu voo
o perfil azul-claro das manhãs.
O poeta tem sonhos de barro
enrolados na garganta : o lugar
onde os deuses sopram
a pulsação das palavras
e refazem o sentido dos dias.
.
Autor : Graça Pires

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

...


svetlana belyaeva


Hoje fui eu; mais que nunca.
Fui eu; mais que nunca. 
Fui livre; mais que nunca.
Tive espaço; mais que nunca.

.
O tempo foi meu; mais que nunca.
Hoje fui sempre; mais que nunca.
Tive "paz" mais que nunca.
Hoje, mais que nunca, soube que não somos loucos por amor.
O amor é que nos deixa loucos, mais que nunca.

.
Autor : Mónica Teixeira

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

...


que sejam feitas coroas
para atirá-las ao mar
de conchas que trazem
noticias
de quem nele foi morar
com uma beleza
pura
que as flores
não podem dar
por qualquer razão
definida
nas ondas estão a habitar
quer pescadores ou viajantes
que queriam passar
nalgumas ditas histórias
que nos fazem pasmar

Autor : jorge morais

domingo, 25 de janeiro de 2015

Detalhes


Não fui eu que me perdi – em ti
Foste tu que te perdeste
Na tarde junto ao mar
No beijo consumado

No fogo ateado
Nos cristais partidos
Nos barcos fundeados
Não fui eu que te perdi

Foste tu – que ainda não sabes
De ti – nem de mim
No beijo consumado
Noutra boca – não em ti.
.
Reeditado
Autor:BeatriceMar
Foto:j sitarski

sábado, 24 de janeiro de 2015

Chuva



Oleg Oprisco

Chuva que cai lá fora
Como no meu coração.
Lágrimas que escorrem
Sem aparente razão.

Já não sei quem sou…
Sou tão mediana em tudo
Que até assusta…
É difícil viver…
É difícil ser…

Gostaria às vezes de fugir,
De escapar de mim…
Mas não posso,
Não consigo…
Sou um pássaro ferido…

Um dia o sol regressa
E eu serei tudo o que sou…
Um dia as feridas desvanecem
E eu não estarei onde estou…
.
Autor : Alexandra Santos
In Palavras Sussurradas

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pensamentos Soltos


Encontro-te em todas as esquinas do pensamento,
Sorriem teus olhos quando alcançam os meus.
Beijo-te ... Percorro cada milímetro do teu corpo
Quando oiço as ondas do mar por mim chamar
E a areia molhada por ti intensamente suspirar.

Nesse momento respiras em mim ...
Minha pele sente a tua num toque inebriante
Que penetra na profundeza das minhas entranhas.

Encontro-te na poeira dos meus olhos
Embriagados pelo Sol, pelo prazer
Do fogo ardente da paixão
que existe na melodia da nossa canção.

Encontro-te e deixo na tua boca
Todos os silêncios e segredos
Que intimamente me pertencem.

Autor : Sofia Valadares

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Abraça-me


Meu verso…
O universo…
Constrói-se no laço
desse teu abraço!

Leve se torna o traço…
Escasso fica o espaço…
E a estrofe onde fico imerso
é poema solto e disperso!


Abraça-me com intensidade!
Quero sentir a infinidade
que habita o ser!


Abraça-me com profundidade!
E meu ser voará em liberdade
nas letras que escrever!


Autor : João Bettencourt

domingo, 18 de janeiro de 2015

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Saul Landell

Sim sou um homem de ninguém
tenho o vento por sentido
e a lua por amante
a vida essa ao contrário do que pensas
é vivida no fundo de uma estrada sem fim
há sempre mais a alcançar
...a viver.
Não roubo amor porque o sinto
...roubo a alma.
Vou para lá do sentir
...do tocar
...do continuar.
Não quero compaixão
apenas te digo que caio
...bato
em dias de tempestade com a alma no lama e sinto
...o cheiro da terra
do ventre da mulher que anseio novamente.
Conheço o teu desespero
quando olhas o mar e vens até mim
em sentidos ocultos pelas brumas do amanhecer.
Sim sou um homem de ninguém
mas todos os dias vou renascer!

Autor : Fernando Sousa
F__S

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Amar-te-ei sempre


"Amar-te-ei sempre! Sempre que o silêncio vier e eu ficar em ti.
Amar-te-ei... nas horas vivas em que vivo a saudade,
Em que procuro por nós, na minha verdade.
Amar-te-ei em coração alado.
Amar-te-ei, nas ruas em que indago o teu ser,
No escuro da noite e na luz que me faz querer-te,
Nos meus braços... meu amor.
Amar-te-ei nesta vida,
E em tantas outras que me esqueço de contar
(contando tudo o que somos desde que... me amaste).
Amar-te-ei com todo o meu coração,
Sem que nada, nem mesmo tu sejam em vão.
Amar-te-ei no sentir de mim mesmo.
Amar-te-ei como nunca amei ninguém.
Serás amor daquele que nunca irei esquecer?
Alguém que em mim entrou e imortaliza-se a meu lado?
Irei sempre pertencer-te,
Mesmo que nunca tenha todo o tempo para confessar tal amor.
Amar-te-ei para bem de mim mesmo,
Amar-te-ei mesmo que te minta,
Que te esconda, que te negue,
Amar-te-ei... apenas irei sempre te amar.
Amar-te-ei naquilo que de melhor sou,
Neste homem que sempre te sonhou,
Amar-te-ei agora e, sobretudo, amar-te-ei durante toda a minha vida,
Mesmo que um dia te veja ir naquela inevitável partida...
Não te esqueças... eu irei contigo."


Autor André Sousa
https://www.facebook.com/andresousapaginaoficial…

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Escrito no piar de uma gaivota

Rosie Hardy

Há o universo azul
onde vivem e moram
silêncios quase totais.

Essa lonjura infinita
não me permite avistar
se as nuvens têm asas
e olhos tristes a chorar,
se na lua há pirilampos
a cair na noite escura...

Deixar-me-á algum recado,
mensagem trazida do mar?

Será que o mar me quer dar
o recado,à luz do amanhecer,
escrito no piar duma gaivota
pousada para além dos areais?
.
Autor : Maripa http://omarmequer.blogspot.pt/

domingo, 11 de janeiro de 2015

Há um poema


Há...
Um poema que sinto
Há...
Uma palavra que minto
Há...
Um amor que tarda
Neste labirinto
De nada!
.

Autor : José Luís Outono
in Rio de Doze Águas

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Lavro teu corpo




WhiteAlice


Lavro teu corpo d’Oiro
Com meu cinzel de lábios
Esculpo a mais serena manhã
Com a mais violenta tempestade
Se nocturna a minha sede se prolonga
E teu ventre d’Oiro se aparta de meus dedos.


Autor : Joaquim MONTEIRO
2014-12-29 (© todos os direitos reservados)