domingo, 30 de outubro de 2011

Nada mudou



Nada mudou.Ao fim de tantos anos, o meu
passado é ainda o mesmo passado –nenhum
rosto diferente para desviar o rio da memória,
nenhum nome depois. Para te esquecer,

devia ter partido há muito tempo.como viajam
as aves de verão em verão.E tentei; mas as malas
abertas sobre a cama eram livros abertos, e eu
nunca fechei um livro antes do fim. Por ter

ficado, nada mudou jamais –e o meu passado é
ainda o nosso passado; e o rosto que tinha antes
de me deixares é o que o espelho me devolve no
presente…

Autor Maria do Rosário Pedreira
Foto: anna66

domingo, 23 de outubro de 2011

sem rédeas


sem rédeas
és um potro que corre
livre e ágil
na planície
em cores de palha seca.
.
nessa inquietação de ser
nem tens tempo
para que libertes
também
.
a esperança que nos estorva
a nossa própria pequenez

Autor :Beatrice
Foto: Dorota Dziduch

domingo, 16 de outubro de 2011

Fulva aberta



Como pequena
Sarda (in)discreta...

.
Ou como sulco
Do seio
Na meta...

Ou como boca
Na ponta
Do sexo adverso...


Ou como língua
De fogo
Em fornalha...



Ou como ferida
Na saliva
Tonta...


Ou como coxas
Secretas
Libertas...


Ou como arados
De beijos dos dedos
Nas costas voltadas...


Ou como cristal
Em flor colhido
Rendido...


Ou como vulcão
Ardente ardido
Sem til sem medo...



Vulcânica te quero!
.
Autor Senador
Foto :Jowitaa
  •  

domingo, 9 de outubro de 2011

a última bebida

era tarde. tão tarde. uma última bebida, tão tarde. uma última bebida disseste.
tão cedo - lá fora.
fiquei a olhar-te.
da janela vi as ondas, no mar.  além.
uma última bebida.
e foi a última de todas as últimas.
tanto tempo.
e nunca mais te vi.
e nunca mais te senti.
e nunca mais bebi.

a última de todas as últimas bebidas.

Autor : Beatrice
Foto: janikowski

domingo, 2 de outubro de 2011

....


Despi as máscaras
Fiquei nu,
Deambulei calçadas...
Tão indecoroso me notei,
Caminhos irregulares percorri
Dores expostas, escondidas á mostra...
Apesar de titubeante debrucei-me no chão.
Pouco a pouco desamamentei os medos.
Sujei com as lágrimas das palavras, a vida.
Num dado instante
Não fui eu quem falou,
Aliás, terei sido eu? Eu...?
Depravei em farsas
.
Autor :  http://loucodelisboa.blogspot.com/
Foto:The Professor