Pedras.Reconheço-me nas pedras.
Nuvens violentamente negras e pedras
Amontoadas de um castelo que ruiu.
O sol fundiu-se, a cidade está afónica.
O calor dos passos acesos
Alenta este silêncio de vão de escada.
.
Musica longínqua, remota.
Um bêbado cambaleante fermenta na voz:
«Já não temos tempo…»
.
Calo-me
À luz implacável do tacto frio da ausência.
Calam-se as palavras,
Seca a tinta da caneta,
É o grito do caos.
E assim perdemos tudo…
Autor:Gonçalo Nuno Martins
In:Nada em 53 vezes Pág.52
Foto:Beatrice