terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Feliz Ano Novo

Nick Nikolaou

Feliz Ano Novo a todos os meus amigos e seguidores que ao longo do ano tiveram a gentileza de me visitarem.



domingo, 29 de dezembro de 2013

A Estrada Branca

© Artist Aruyinn

Atravessei contigo a minuciosa tarde
deste-me a tua mão, a vida parecia
difícil de estabelecer
acima do muro alto

folhas tremiam
ao invisível peso mais forte

Podia morrer por uma só dessas coisas
que trazemos sem que possam ser ditas:
astros cruzam-se numa velocidade que apavora
inamovíveis glaciares por fim se deslocam
e na única forma que tem de acompanhar-te
o meu coração bate

Autor : José Tolentino Mendonça 

A Noite Abre Meus Olhos - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2010.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal


desejo a todos os meus seguidores e amigos um 

santo natal


domingo, 22 de dezembro de 2013

É Natal

anuka baratashvili

Sei que me repito
mas, que interessa?

É Natal e eu não gosto da época
nem sequer entendo toda a azáfama
em volta de coisas que não fazem sentido nenhum.

Talvez o único sentido que faça
é que há muitos milhões de anos
nasceu um menino
para nos salvar.

E andamos todos às cegas…
.
BeatriceMar

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Eterno Outono




by Artem Rhads Cheboha

Estou com a idade pousada nas mãos.
Explico-me com dedicação aos berços fundos
onde cada coisa dorme o seu medo de morrer.

Há na tristeza um perigo de terminar:
o eterno outono parece belo
a quem perdeu todas as sementes.

Pergunta-se um nome e ninguém responde.
Onde fica essa ilha a que só chegamos por naufrágio?

Autor : Vasco Gato , in "IMO"/ Edições Quasi)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Cerejas

Michael Gorban

Foi um beijo com sabor

diferente... quente
rosado das cerejas maduras,
flor dormente.
Dizem que os beijos
são como as cerejas!
Ou serão as palavras
rosadas, vermelhas,
redondas e doces?
Para ti eu faço um ramo
de palavras, cerejas e beijos.
Depois, guardo as flores
num poema com pintas
rosadas, vermelhas
das cerejas, dou um nó
com um laço e
mando-te... um beijo.
.
Autor : Manuel Carvalho
In Cânticos Paralelos

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Agora

Jennifer Healy


Agora que o caminho que devo percorrer
é um passo adiante sobre uma trilha
que dá medo olhar, porque o abismo
implacável me chama.
Agora que foi morta a esperança
como um pássaro vitimado no ninho
por irmãos mais fortes.
Agora que é de noite todo o dia,
inverno todo o ano
e as semanas só têm segundas,
para onde olhar, onde voltar os olhos,
que não encontrem os olhos da morte?

.
Autor: Amália Bautista

domingo, 8 de dezembro de 2013

o livro que era teu

Michael Gorban

O dia nasceu nublado,
e contradizendo as previsões,
da metrologia, a chuva cai sem parar

Resta-me um dia para dar vida,
à luz que não se conjectura no céu,
mas que retenho em mim.

Hoje é o dia certo,
para reler,
o livro que era teu.
.
BeatriceMar

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Em tempo de mar

Robert Hagan,

Falei-te nos sonhos alados que proclamam o oceano
Que deixa a vontade planar em asmos;
Desenhei-te elipses, na pele, entre marasmos,
Sem sequer te tocar e sem te conduzir ao mundano.

Falei-te de pontes que unem o sagrado ao profano,
Entre palavras que não pedem histórias, nem sarcasmos;
Longe do clímax, mas próximo dos entusiasmos,
Provaste que sou tão só e tão simplesmente humano.

No saber do feito do mar e do horizonte afogueado,
Permaneci a dedilhar árias nos tons da perspectiva,
Pela escala da bondade da estação contemplativa.

Escrevi-te poemas e uma extensa missiva,
Sem parar no ventre de um destino rogado,
Falei-te do vasto amor, quem me mantém resignado.

Autor : Henrique Caldeira dos Santos http://aurorar.blogspot.pt/

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bondade


Nelson Rolihlahla Mandela 
18 de Julho de 1918
5 de Dezembro de 2013
.

Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.


Autor : Nelson Mandela


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ir...




não tenho meio,
cada passo, é inicio !
( o centro só me existe no olhar!)
é assim que me construo no começar , cego do (des)fim…

Autor : almaro

domingo, 1 de dezembro de 2013

Paixao

Lauri Blank

Sinto ainda o sol que me afogueou
o corpo, quando o teu olhar
me despiu.
E surpreendentemente,
todas as palavras,
foram dispensáveis.
Sinto ainda a detonação,
explodindo em estilhaços
de fogo, cores e paixao.
 .
Autor : BeatriceMar 01-12-2013

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tenta ler outra vez

Fletcher Sibtrhorp

Tenta ler outra vez. Não te apetece
voltar à febre alheia, à superfície
frontal da madrugada? Cada página
destapava outra vida, destilando
o veneno da esperança, a invenção
de um jogo mais que jogo, para lá
do lume que gritava enquanto ardia
na bola de cristal. Ainda conheces
o assombro ou a doença a que chamavas
pensamento? Regressa, por favor,
não te escondas na montra dos sentidos,
no vão sabor do corpo. Não te agrada
o abraço das estrelas quando nascem?,
a rota universal do labirinto?

Autor : Fernando Pinto do Amaral

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Delirando

© sonia Firlej

Todas as noites me devora a minha cama.
É uma cama tão triste, tão fria…
Lugar de sonho, tragédia, drama,
Onde deliro até ao raiar do dia.
Desperto sempre louco, baralhado,
Apaga-se-me no sono a fronteira
Entre o mundo sonhado
E a realidade verdadeira.
Esta noite olhei ao alto,
Sonhei-te a voar,
Corri, alcancei-te num salto,
Levei-te comigo p´ro fundo do mar,
Encontrámos uma cidade,
Aquela que me faz viver intensamente,
Onde se mata a sede de liberdade,
Onde eu conseguiria amar docemente.
Habitada por duendes dóceis e audazes,
Vivem felizes: Fizeram as pazes,
Destruiram fronteiras
Rasgaram bandeiras,
Encontrei a liberdade real, finalmente,
A única liberdade é aquela que se sente.
Todas as noites me devora a minha cama...

Autor : Gonçalo Nuno Martins

domingo, 24 de novembro de 2013

vamos pela montanha a ver o mundo dos outros

Mattijn Franssen

os meus amigos foram por esse mundo além,
hoje estou só,
apenas a gata não me abandonou.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os (teus) gestos

foto : Arveth

Disto ficarão pequenos gestos
nada grandioso que se exclame

sorte de te ter junto aos meus restos
memória da tua boca fogo infame.

Vitória do teu corpo sobre o meu
no exacto momento em que te venço

tão só correr de nuvens sobre o céu
ou no fim do mundo um recomeço.

Queria inventar-te um sítio sem palavras
em que só sobre o corpo a luz derrama

sua generosa claridade.
Lembrar-te nos momentos em que amavas

— os corpos extenuados sobre a cama —
e havia um sol de não haver idade.


Autor.Bernardo Pinto de Almeida

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Os Gatos

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem
.
Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa
.
Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos
.
Autor : Manuel António Pina
(in Como se desenha uma casa; ed. Assírio & Alvim, 2011

18-11-1943
19-10-2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Depedidas

Sam Deawing

Todos os anos parto.
Vou e venho, já não sou de cá, nem de lá.
Todos os anos morro...e me choram!
Até sinto a pedra fria nas minhas costas, 
o sangue que me foge da cara, enquanto me 
rodeiam em círculo, para dizer um último adeus.
Não são momentos, são dias, antes de desarreigar, em que já não como, nem bebo...já não tenho entranhas. 
E quando chega esse dia, morro.
Mas não morro de verdade, sigo viva...para voltar a morrer!
E agora, que já conheço em vida a dor da morte, tenho dias,
em que penso, que talvez fosse melhor ficar por cá (Bélgica)
...para não ter que morrer outra vez!
.
Notas do meu diário

Autor : Sónia M
http://soniagmicaelo.blogspot.pt/

domingo, 10 de novembro de 2013

esperança nas pontes da vida

Monna Jomma

transpus sozinha a ponte,
quando mais precisava de uma mão,

na minha aflição pensei,
que árdua seria,
sair incólume da dor

tiritava e nem sabia,
que a dor pode ser suplantada

e na velocidade da noite,
a alvorada pariu ,
o dia que me traz nesgas de luz,
alegria e odores,
que pensei ter perdido,
e sinto o meu coração, 
bater e sei que ,
tudo vai passar.
.
BeatriceMar 2013/11/10

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CHUVAS


Jeff Rowland

Espremi uma nuvem com as mãos
Para chover em meu jardim.
Choveu intransitivo, impessoal
Pedinte,
Choveu extrovertido
Trovoadas coloridas
Pingos azuis - teus olhos.

Relâmpagos ofuscaram meus olhos
Um girassol brotou irradiante
E minhas mãos secaram...
Pedintes, ásperas
Duras como um entardecer.

Espremi uma nuvem com as mãos
Para chover em meu jardim.
Choveu tanto, tanto
Que até choveu você em mim.

Autor : Carlos Eduardo Leal 02-04-2012

domingo, 3 de novembro de 2013

olho através da vidraça

Sharon Sprung


olho através da vidraça, e, ainda sinto na (minha) pele
o sabor da entrega
no dia em que precedeu
a noite (em mim.

depois de tantas luas, ainda acordo com
 sinais do teu corpo, no meu
e sei que, nunca mais, nunca mais.

seremos pele e beijo

BeatriceM  2013.11.03

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Brincadeira

By Jasper Tejano

Brinca comigo à procura
de uma estrela noutro céu
Brinca e lava a noite escura
com os sonhos que Deus te deu

Começa devagarinho
- por favor, não tenhas medo,
que o meu coração fez ninho
dentro do teu em segredo

Acorda os anjos que dormem
com a luz do teu sorriso
Faz com que não se conformem
e saiam do paraíso

Deixa-os entrar de repente
no teu quarto, a esta hora
em que a verdade mais quente
é o sono que te devora

Brinca comigo às escuras,
ensina-me o que não sei
Onde estás? Porque procuras
o coração que te dei?

.
Autor : Fernando Pinto do Amaral

domingo, 20 de outubro de 2013

O dia

Rose Frith

O dia, está cinzento

E sem aromas pelo ar

E mesmo daqui do cimo
Pesa-me sobre meu olhar

O que resta são esses balões
Que me alegram a visão
E este mundo só meu que eu
Aperto entre meus dedos
Com medo de o  perder

Não chove na minha rua
As sombras não me me apoquentam
Os pássaros estão em seus ninhos
E há tanta brincadeira no ar


BeariceMar 2013-10-19

domingo, 13 de outubro de 2013

pedido ao vento

Lyse Paquet

vem, conhecer
a minha cidade
agora que é outono,

       quando a tarde se esvai
e o crepúsculo é mais enternecedor,

e não precisas dizer nada
nem sequer ,quando olhares
 assustado para o meu cabelo
que tingi da cor do poente.
.
BeatriceMar

domingo, 6 de outubro de 2013

Portas




A porta sempre esteve escancarada,
por vezes fazia frio,
outras vezes um calor insuportável,
suportei ventos,
canículas,
pânicos,
sentires,
e no entanto,
tu nunca franqueaste sequer a ombreira.

Tanto tempo passou, desde então.
Hoje só meu coração te espera.
A porta já não existe,
o tempo já há muito que a danificou

BeatriceMar

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Festa do Silêncio


António Victor Ramos Rosa
17 de Outubro de 1924
23 de Setembro de 2013


Escuto na palavra a festa do silêncio. 

Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. 
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. 
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. 
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma. 

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia, 
o ar prolonga. A brancura é o caminho. 
Surpresa e não surpresa: a simples respiração. 
Relações, variações, nada mais. Nada se cria. 
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça. 

Nada é inacessível no silêncio ou no poema. 
É aqui a abóbada transparente, o vento principia. 
No centro do dia há uma fonte de água clara. 
Se digo árvore a árvore em mim respira. 
Vivo na delícia nua da inocência aberta. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

domingo, 15 de setembro de 2013

Por ti

Inna Narkevich


Por ti
Esperei tardes prolongadas
com os ossos enregelados
e o coração magoado.

E quando o declinar do dia
ameaçava tempestade
inventei poentes
alimentei mágoas
forjei fragrâncias nos sargaços .

Aguardei

Um abraço que não chegou
Um beijo que não aconteceu

E nas esperas envelheci
Envelheci mais que as noites, as esperas, os dias

Os abraços não dados
Os beijos não permutados.

Hoje quando a maresia trouxe com ela
resquícios do teu perfume
constatei, pesarosa
que já nada havia para esperar.
.
BeatriceMar



domingo, 8 de setembro de 2013

Detalhes

Linda Stokes



                                 Como se ainda estivesses a olhar,
o poente, nos caminhos do sul,
as mãos nas minhas,
e a barreira do silêncio em nós.

As palavras que não dissemos
a lágrima que eu escondi.
O momento em sonho iludido,
e o fim do desejo,
a planar na tarde.
.
BeatriceMar

domingo, 1 de setembro de 2013

Fogo

Matthew Scherfenberg -

Nunca aprendi a apagar o fogo,
quando por vezes o sinto,
entranhar-se em mim.

Diz-me a brisa 
que bastava somente 
um beijo a planar o corpo



BeatriceM 2013/09/01

domingo, 25 de agosto de 2013

o pintor de aguarelas

Emerico Toth



Já não sinto a cidade
mas
um pássaro
arredio
sonhador
e
de olhos
salpicados de giz
segredou-me
que ela ainda te sente.

E

Saber-te a pintar
em aguarelas difusas
ou por vezes rubras
cinzentas
ou mesmo sem cores
por agora
 é  suficiente.
.
Beatrice M 2013-08-22

domingo, 18 de agosto de 2013

Turbulência



Ando a fingir-me de sol…passeio-me na noite. Passos esquisitos, sem luz.
Desorientados…sem rumo. Não sinto  cores do momento.
Estou num barco com o leme quebrado, destruído nas trevas das torrentes assassinas,
nos espectros de humanos sequiosos de poder e lugar além do sol.
Intempéries agitam-se.
Espreito,
uma serenidade que eu a tudo o custo queria minha.
Luto
E já não consigo prender
Ando sem orientação
Olvidada de todos e tudo

Por vezes – penso- até de TI
.
BeatriceMar 2013/08/18

domingo, 11 de agosto de 2013

as horas




as horas que perdi a esperar-te, não foram perdidas.  sempre foram compensadas, pelo brilho dos teus olhos ao chegar.

desde Junho que não te espero mais  e sobra-me as horas que perdia.

sem perder.

não sei que faço com elas, nem sei que faço da solidão em mim.

BeatriceM 11/08/2013

domingo, 4 de agosto de 2013

Partida


Não disseste, que a morte era uma
pétala que cai, em forma de vida
que fenece,
apenas te foste, num murmúrio e sem alardes
partiste simplesmente,
no canto das aves,
numa jornada sem retorno.
.
BeatriceMar

domingo, 28 de julho de 2013

Estados de alma



Tenho em mim um oceano de afetos.
Por vezes sinto-me estrangulada de solidão.
Desdobro-me em mutismos.
E sou apenas mais um autómato.
No meio da multidão.
.
BeatriceMar 28-07-2013



Imagem . 今井一彦

domingo, 21 de julho de 2013

Parti




Parti num dia de Setembro. Quase Outubro
Num fim de tarde com um saco na mão
Fui. Com umas sandálias que me magoavam os pés doridos, as únicas que tinha
Deixei-te na casa grande
Sabia que alguém trataria de ti
O jardim estava cheio de açucenas
O sótão estava limpo e a minha cama ficou vazia
Para sempre
Mais ninguém voltou a dormir naquela cama
Senão tu
Voltei algumas vezes
Depois, menos, cada vez menos
E depois perdi a vontade de regressar
Disseram-me que depois de eu partir
Nunca mais foste o mesmo
Tinhas ficado estranho
Agressivo, e que dormias sempre no sótão
Do lado direito em cima da minha cama
Como se me esperasses

Dizem que nunca mais foste o mesmo gato
Nem tu
Nem a casa

Autor : BeatriceMar


domingo, 7 de julho de 2013

Resisto

Resisto 
Quase moribunda 
A exalar um ultimo suspiro 
A contorcer o destino 
Violento 
Fleumático 

Resisto 
Exaurida 
Escondo-me em palavras 
Que não digo 
Que calo 
E me sufoca a laringe 

Resisto 
Aqui onde o sonho não existe 
Onde o vento me acaricia o rosto 
E onde eu ainda abraço a esperança 
Dormente 
.
BeatriceMar 2013-07-07

domingo, 30 de junho de 2013

Tumulto




Gostava de saber dizer-te o que me vai na alma, e endireitar a minha cabeça no teu corpo, assim, a sentir o cheiro que brota da tua pele, e sentir-me serena e sem medo. Mas o meu medo é só meu. Tu não tens medo. Não necessitas. Tudo para ti é relativo. É dia novo dia vivido com adrenalina e sempre no fio da linha. Sem reservas. Sem conjecturas. Sem correntes. Eu desejava ser como tu. E não sou. Nunca serei. Ainda penso em ti. Ainda sinto saudades de ti. E sei que neste exacto momento. Tu nem sabes nem te lembras mais de mim. E que se um dia adormeceste no meu corpo. Hoje outro corpo deve adormecer no teu. E eu estou a pensar que os pássaros vão e voltam, e que tu não vais voltar. Porque na ânsia de viver tu ainda não viveste e quiçá já morreste na planura de algum voo mais arriscado.

BeatriceM 30-06-2013
Foto Carlton Clare

domingo, 23 de junho de 2013

estado de alma


Todas as flores são belas. Não sei se há alguma feia, mas prefiro pensar que há apenas flores menos belas. É isso!

Hoje apetece-me receber flores. Com um cartão a dizer que ainda se lembram de mim.

Ninguém me vai dar flores é certo. Também ninguém sabe que eu pensava em receber hoje flores.

Se vier sol já é bom!

BeatriceMar6


Foto erih

domingo, 16 de junho de 2013

...



Lê , são estes os nomes das coisas que
deixaste – eu, livros, o teu perfume
espalhado pelo quarto; sonhos pela
metade e dor em dobro, beijos por
todo o corpo como cortes profundos
que nunca vão sarar; e livros, saudade,
a chave de uma casa que nunca foi a
nossa, um roupão de flanela azul que
tenho vestido enquanto faço esta lista:
livros, risos que não consigo arrumar,
e raiva – um vaso de orquídeas que
amavas tanto sem eu saber porquê e
que talvez por isso não voltei a regar; e
livros, a cama desfeita por tantos dias,
uma carta sobre a tua almofada e tanto
desgosto, tanta solidão; e numa gaveta
dois bilhetes para um filme de amor que
não viste comigo, e mais livros, e também
uma camisa desbotada com que durmo
de noite para estar mais perto de ti; e, por
todo o lado, livros, tantos livros, tantas
palavras que nunca me disseste antes da
carta que escreveste nessa manhã, e eu,
eu que ainda acredito que vais voltar, que

voltas, mesmo que seja só pelos teus livros.
.
Autor : Maria do Rosário Pedreira