Entrei em contacto contigo em fins de Abril, princípios de Maio ,de um ano que já não importa, feira do livro no Parque Eduardo VII. Ias estar lá, como sempre. Não me lembro se cheguei a pedir para entrar na tua vida enigmática, mas acho que entrei assim como um pássaro que voa e poisa num ramo de arvore, e o elege como seu. Claro que tu não eras um ramo de arvore, mas eu entrei de voo raso ,e fiquei a olhar para ti como se fosses um anjo pequeno com asas grandes e encantadas. Eu sei lá o que via em ti? Um misto de adoração pagã e perdia-me a olhar-te a beber as tuas palavras, a esmiuçar tudo o que de ti brotava. Erramos pela cidade, pelas vielas, e por toda a cidade grande. Eu gostava quando andávamos de mão dada. Entraste em mim e eu em ti, mas, os segredos e os mistérios que engendravas .Não os quis perceber, não quis deslindar. Eu não era nenhum personagem dos teus livros. Era apenas uma miúda deslumbrada.
Depois os dias eram todos iguais. E cansei-me de mim e de ti. De nós. Já não leio o que escreves mas, lá no fundo, ficou algo que nunca vou esquecer
Depois foram mudando as datas da feira e eu fui-me esquecendo e deixei de ir. Não me interessava mais...e tu!??
Autor : Beatrice 2020-11-29