Sobre o chão descalço, construo mundos que destruo na minha cabeça.Autor: Luis Rodrigues
Foto:Introit
Aqui estão as minhas escolhas do que considero melhor em Poesia,Prosa Poética e Fotografia. Domingo é dia de trabalhos de minha autoria.
Sobre o chão descalço, construo mundos que destruo na minha cabeça.
Agarro em pincel e deslizo-o, a ouvi-lo segredar, murmúrios de cores que riem sozinhas.Traço risco leve, não leve o vento o vento, o segredo do rabisco…É saltimbanco, o risco colorido , palhaço-saltitante, vagabundo, navegante…Procura ilha perdida, de menina que sonha versos de fantasia.Rabisco tonto!Desvalido de sorte!Anda perdido sem norte, que a menina sonha coisas outras, de fadas e rainhas, não coisas tolas, coloridas por rabisco de Quixote…
As casas habitadas são belas
Já a luz se apagou do chão do mundo,

Autor:Mia Couto
Foto:KxxG

Se eu não te amar mais me
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Não saberei nunca
São duas e tal da madrugada e tenho medo
Nas minhas mãos
Eu vivo
a casa onde ás vezes regresso é tão distante
Eu a esperar-te. O tempo a passar lento. Demoramos. As mesas vazias. O café vazio. Eu a esperar-te. Eu a imaginar-te. Tu a chegares. Tu a chegares. Tu a caminhares. Tu a sorrires. Tu a murmurares. Desculpa – estou atrasada! O tempo a começar a andar. Tu a ficares próxima. Eu a admirar-te. Tu a sorrires. Espécie de sol na minha vida. Eu a olhar-te. O tempo a andar mais depressa. Eu a querer-te. Tu nem por isso. O sol nos teus olhos. Eu a querer apanhar o sol. Tu quase a partires. O tempo a correr. Tu a saíres pela porta. Eu parado. O tempo que voa agora. Foste embora de novo. Eu a tropeçar na saudade. O sol a esconder-se. Eu a descer a rua ao contrário. Tu para norte. Eu para sul. Eu a querer-te. Tu nem por isso. Eu num café numa cidade qualquer. Uma mesa qualquer. Uma chávena vazia. A mesa vazia. Eu vazio. Um vazio imenso. Um silêncio imenso. Eu vazio de ti. Eu a esperar-te de novo. O tempo a passar lento outra vez. Eu a perder a vez. O sol a ir também. A noite em mim. O silêncio que chega. Eu a esperar-te ainda. A não dizer que te amo. O amor adiado. Eu a querer-te. Tu nem por isso.
a distância não te separa 

na hora esquiva




o quarto é branco e tem uma reprodução de Las Meninas pendurada na parede em frente à cama, por cima da cómoda. na outra parede, à direita de quem entra, o espelho onde nunca me encontro devolve-me a imagem desfocada doutro quarto, roupa espalhada pelo chão, livros, cadeiras, uma jarra com flores murchas…