domingo, 12 de outubro de 2008

Poema da despedida

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo
.

Autor:Mia Couto

Foto: BoroG

1 comentário:

Átila Siqueira. disse...

Um poema lindo, adorei a parte de nunca dizer Adeus. Muito bem escolhido. Eu vejo que tu conheces muito bem poesia, e escolhe com grande perícia tudo aqui em seu blog.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.