sábado, 8 de novembro de 2008

As casas

As casas habitadas são belas
se parecem ainda uma casa vazia
sem a pretensão de ocupá-las
tornam-se ténues disposições
os sinais da nossa presença:
um livro
a roupa que chegou da lavandaria
por arrumar em cima da cama
o modo como toda a tarde a luz foi
entregue ao seu silêncio
Em certos dias, nem sabemos porquê
sentimo-nos estranhamente perto
daquelas coisas que buscamos muito
e continuam, no entanto, perdidas
dentro da nossa casa.
.
Autor:José Tolentino Mendonça
foto:Yust

1 comentário:

Átila Siqueira. disse...

Lindo poema, como todos os que encontro aqui. Até me senti dentro dessa casa, cheia de introspecção, e gostei muito do sentimento que tive ao ler esse poema.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.