Levanta-te e deixa-me entrar,
diria se pudesse,
junto a esta cama onde a dor te contempla,
sob este tecto frio que não inventa qualquer paisagem,
qualquer lembrança de barcos ancorados no vazio da nossa alma, diria que lá fora escuto a sirene que se aproxima e a chuva que bate com as suas gotas de angústia na pedras da estrada,
diria que essas quatro rodas vão levar-te,
ao longo do pánico e da noite,
para outras paredes onde nenhum crucifixo redime a desolação das casas,
diria que se afastaram para sempre os dias antigos,
as suas laranjas,
a sua água,
uma cerejeira breve onde os melros cantavam.
Autor:José Agostinho Baptista
Foto:Kocham Krówki
1 comentário:
Beatrice,
Belo espaço!!! Parabens. Vamos dialogar...
abços..
Lualves
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