terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

As Altas Torres

Nas altas torres do corpo
todas as horas cantavam.
Eu quis ficar mais um pouco
como se um campo de potros
espantasse a madrugada.

Eu quis ficar mais um pouco
e o teu corpo e o meu tocavam
inquietudes, caminhos,
noites, números, datas.

Nas altas torres do corpo
eu quis ficar mais um pouco
e o silêncio não deixava.

Conjugámos mãos e peitos
no mesmo leito, trançados;
eis que surgiu outro peito,
o do tempo atravessado.

Eu quis ficar mais um pouco
e o teu corpo se iniciava
na liturgia do vento,
lenta e veloz como enxada.

Era a semente batendo,
era a estrela debulhada.

Nas altas torres do corpo,
quis ficar. Amanhecia.

Todos os pombos voavam
das altas torres do corpo.

As horas resplandeciam.

Autor : Carlos Nejar[...]
Imagem : António Macedo

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um bonito poema, muito cinematográfico.

- R y k @ r d o - disse...

Imagem e poema em perfeita harmonia poética. Gostei demais.
.
Saudações poéticas. Semana feliz .
.
Poema: “” Vivam o Amor como peça de Cristal ””…
.

Cidália Ferreira disse...

Poema maravilhoso que adorei:)) Obrigada pela partilha!!
.
Abre... lê a carta sem letras, que te escrevi
.
Beijo, e uma excelente noite!