Desejo um Feliz Ano Novo a todos os meus amigos e seguidores que ao longo do ano tiveram a gentileza de me visitarem e deixarem as suas amaveis palavras.
Aqui estão as minhas escolhas do que considero melhor em Poesia,Prosa Poética e Fotografia. Domingo é dia de trabalhos de minha autoria.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
domingo, 30 de dezembro de 2018
..
Meus passos, caminham. Nem sempre certos. Errantes, seguem trilhos tortuosos. Deambulam ruas e vielas. Noites e dias. Estão cansados, muito cansados e sonham com um porto que não existe. E um sorriso se afivela num rosto silencioso que esconde dor, muita dor . Um dia ainda volto a trabalhar neste (no meu) País.
Meus passos caminham….
sábado, 29 de dezembro de 2018
Quem só pensa em si
Victor Bauer
Autor : (Padre) Vasco Pinto de Magalhães
in 'Não Há Soluções, Há Caminhos
in 'Não Há Soluções, Há Caminhos
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
a minha intimidade é pequena
Josephine Cardin
A minha intimidade é pequena
cabe na minha boca
e desliza por entre os dentes;
se a descubro a fingir que é saliva
engulo-a,
não quero vê-la alheia nas palavras
nem perdê-la com um beijo.
autor : ana merino
poesia espanhola, anos 90
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água 2000
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
Só o silêncio responde
Elena Vizerskaya Kassandra
Sigo os passos do vento
nas brisas suspiradas
e nos largos silêncios
que me olham em fogo lento
na ampulheta passante do tempo.
E na espuma da alma
choro em silêncio
o calor do teu nome.
Autor : António Carlos Santos,
in "50 Anos, 50 Poemas"
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
FELIZ NATAL
e como é Natal venho por este meio desejar a todos os meus leitores e seguidores que visitam este espaço um
Santo e Feliz Natal de 2018
que a paz more em nossos coraçoes.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
Falta de Ar
Há dias que posso passar sem sol, sem luz,
sem pão,
sem tudo enfim...
( Tenho até a impressão de que não preciso de nada...
... nem mesmo de mim...)
Mas há dias, amor... ( e parece mentira)
- nem eu sei explicar o porquê
de tão grande aflição -
em que não posso passar sem Você
um segundo que seja!
- de repente preciso encontrá-la, é preciso que a veja -
- Você é o ar com que respira
meu coração !
Autor : J. G. de Araújo Jorge
- nem eu sei explicar o porquê
de tão grande aflição -
em que não posso passar sem Você
um segundo que seja!
- de repente preciso encontrá-la, é preciso que a veja -
- Você é o ar com que respira
meu coração !
Autor : J. G. de Araújo Jorge
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
.
igor morski
Aprendeu a empacotar o tempo
vendia em saquinhos de cinco minutos
quando morreu,
suas vendas contabilizavam milênios
Autor : Ana Peluso
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
na ternura completa das mãos
Pascal Champion
voa comigo nos ombros da noite
enlaçados como dedos e dedos
na ternura completa das mãos.
inventemos asas até que nos
tenham como irmãos os pássaros
e as crianças nos persigam
pelo areal - o voo que é delas também.
acredita que o nosso olhar tocará um dia
o horizonte com tal força que a nossa palavra
ficará redonda, redonda como os ombros
desta noite em que te convido a descobrires
comigo o amor enorme que a maré nos tem
quando nos cobre os pés e nos obriga a nascer
Autor : - Vasco Gato
domingo, 16 de dezembro de 2018
Momentos
Nos medos – de mim
Abraço esta solidão do tamanho
De um mundo
Dum futuro incerto
Surda e muda
Afago uma nuvem
E a lágrima que se confunde
Nem a sinto
Olho e
Só esta chuva que cai e
Agita a praça
Me faz sentir que vivo
Ainda
Aqui
E agora.
.
Autor: BeatriceM 16-12-2012 (reeditado
sábado, 15 de dezembro de 2018
O Vento
igor morski
É fácil dizer que o ventotem gatos na voz
enfurecidos.
Que afaga e despenteia,
traz a chuva.
Que levanta as telhas,
exercita na noite
os nossos mais pesados
pesadelos.
É fácil ser poeta
à custa do vento.
Fingir que não sabemos
que o vento não é senão
o vazio que muda de lugar.
Autor: A.M. Pires Cabral
in Arado, ed. Cotovia
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
Alta Tensão
Jaroslaw Datta
eu gosto dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo
passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar.
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo
passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar.
Autor:- Bruna Lombardi
In O perigo do Dragão. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 36
In O perigo do Dragão. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 36
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja. Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
Autor: António Franco Alexandre
In Aracne
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
ama os teus sonhos
ashraful arefin
como o teu próximo
ou como os sonhos
do teu próximo
mas se o teu próximo
não tiver sonhos
convém mandar o teu próximo
para muito longe
donde não te possa
contaminar
Autor : Alice Vieira
In Olha-me como quem chove
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
Eco
Vagas são as promessas e ao longe,
muito longe, uma estrela.
Cruel foi sempre o seu fulgor:
sonâmbulas cidades, ruas íngremes,
passos que dei sem onde.
Era esse o meu reino, e era talvez essa
a voz da própria lua.
Aí ficou gravada a minha sede.
Aí deixei que o fogo me beijasse
pela primeira vez.
Agora tenho as mãos vazias,
regresso e sei que nada me pertence
— nenhum gesto do céu ou da terra.
Apenas o rumor de breves sombras
e um nome já incerto que por mágoa
não consigo esquecer.
Autor : Fernando Pinto do Amaral
In Poemas Escolhidos
muito longe, uma estrela.
Cruel foi sempre o seu fulgor:
sonâmbulas cidades, ruas íngremes,
passos que dei sem onde.
Era esse o meu reino, e era talvez essa
a voz da própria lua.
Aí ficou gravada a minha sede.
Aí deixei que o fogo me beijasse
pela primeira vez.
Agora tenho as mãos vazias,
regresso e sei que nada me pertence
— nenhum gesto do céu ou da terra.
Apenas o rumor de breves sombras
e um nome já incerto que por mágoa
não consigo esquecer.
Autor : Fernando Pinto do Amaral
In Poemas Escolhidos
domingo, 9 de dezembro de 2018
Detalhes
Bebo
O frio da tarde entranhado em mim,
enquanto olho
O esvoaçar dos pássaros.
Vagueio, sobre a areia em andaimes
de vento
Com trilhos dúbios e sem fins
concretos
Ou genuínos.
Sorvo a vida apenas, e busco o
abraço das nuvens
E a luz do luar, que não demora
No silêncio da tarde agonizante.
E agarro o meu sonho, estilhaços de
cor e fantasia
Que ouso preservar como um tesouro
Só meu com fragmentos de sal e sol.
Autor : BeatriceM 2012-12-02
sábado, 8 de dezembro de 2018
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Já escondi um Amor com medo de perdê-lo,
Já escondi um Amor com medo de perdê-lo,
já perdi um Amor por escondê-lo. ...
Já expulsei pessoas que amava de minha vida,
já me arrependi por isso.
Já acreditei em amores perfeitos,
já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram,
já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei...horas na frente...
do espelho tentando descobrir quem sou,
já tive já tive tanta certeza de mim,
ao ponto de querer sumir...
Já fingi não dar importância às pessoas que amava,
para mais tarde chorar quieta em meu canto...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
Já senti muita falta de alguém,mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar,
já calei quando deveria gritar...
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já chamei pessoas próximas de "amigo"
e descobri que não eram...
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada
e sempre foram e serão especiais para mim.
Autor : Clarice Lispector
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
recado aos corvos
igor morski
Levai tudo:
o brilho fácil das pratas,
o acre toque das sedas.
Deixai só a incombustível
memória das labaredas.
o brilho fácil das pratas,
o acre toque das sedas.
Autor : A.M.Pires Cabral
o brilho fácil das pratas,
o acre toque das sedas.
Deixai só a incombustível
memória das labaredas.
o brilho fácil das pratas,
o acre toque das sedas.
Autor : A.M.Pires Cabral
domingo, 2 de dezembro de 2018
As noites
É tão imenso o silêncio - consentido
Em forma de abismos
E nas mãos
Apenas repousa o nada
Entrelaçados nos pés
.
Autor : BeatriceM
sábado, 1 de dezembro de 2018
Hino
no entanto onde nasci os homens têm sempre razão
e eu que não me interesso pela razão mas por outros sentimentos
teço silenciosamente à porta da minha casa
junto às outras mulheres da minha rua
a trama dos nossos instintos
e minha rua passa por outras cidades
atravessa países
não há fronteiras
tecemos todas nós o mesmo fio
matéria viva da nossa bandeira
Autor : Bruna Lombardi
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
Epílogo
Benjamim Von Wong
Arregalar os olhos, e a agir, em vez de somente falar.
Uma coisa dessas quase chegou a governar o mundo!
Os povos conseguiram dominá-la, mas ainda
É muito cedo para sair cantando vitória:
O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!
Autor : Bertolt Brecht
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
queria que me acompanhasses
queria que me acompanhasses
vida fora
como uma vela
que me descobrisse o mundo
mas situo-me no lado incerto
onde bate o vento
e só te posso ensinar
nomes de árvores
cujo fruto se colhe numa próxima estação
por onde os comboios estendem
silvos aflitos
Autor : Ana Paula Inácio
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Muito acima das nuvens seja o centro
Sacha Kalis
Muito acima das nuvens seja o centrodas nossas misteriosas poéticas
o irresistível anseio de viajar
um só movimento trabalhado à mão
nos ermos mais altos
mais desaparecidos
Autor: Mário Cesariny
domingo, 25 de novembro de 2018
sem rédeas
és um potro que corre
livre e ágil
na planície
em cores de palha seca.
.
nessa inquietação de ser
nem tens tempo
para que libertes
também
.
a esperança que nos estorva
a nossa própria pequenez
sábado, 24 de novembro de 2018
Amor sem tréguas
Pascal Campion
É necessário amar,
qualquer coisa, ou alguém;
o que interessa é gostar
não importa de quem.
Não importa de quem,
nem importa de quê;
o que interessa é amar
mesmo o que não de vê.
Pode ser uma mulher,
uma pedra, uma flor,
uma coisa qualquer,
seja lá do que for.
Pode até nem ser nada
que em ser se concretize,
coisa apenas pensada,
qua a sonhar se precise.
Amar por claridade,
sem dever a cumprir;
uma oportunidade
para olhar e sorrir.
Autor : António Gedeão
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
Fascínio
Leah Johnston
a face oculta das palavrasàs vezes se mostra
na mais estranha luz
e a parte escura
nunca antes revelada
aflora
ousada
com uma intimidade inesperada
como a primeira claridade
de uma aurora.
Todas essas malditas paalvras sem pudor
que eu queria afugentar
mandar embora.
as palavras elas, as palavras
suas luzes, seus ritimos, significados..
Autor : Bruna Lombardi
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
o riso útil
roberto liang
o riso útil da amorosa
retine de tal maneira
no pobre quarto côr-de-rosa
que as tuas mãos de senhor
já não sabem por que milagre
ainda é puro o amor
Autor : Mário Cesariny
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
Entretenimento
Alexey Polkiy
Como quem procura conchas à beira do mar
escolho as palavras para te dizer
quando o silêncio dos teus braços
vestir o frio dos meus ombros
terça-feira, 20 de novembro de 2018
..
Disse-te adeus e morri
E o cais vazio de ti
Aceitou novas marés
Gritos de búzios perdidos
Roubaram aos meus sentidos
A gaivota que tu és
Gaivota de asas paradas
Que não sente as madrugadas
E acorda à noite, a chorar.
Gaivota que faz um ninho
Porque perdeu o caminho
Onde aprendeu a voar
Preso no ventre do mar
O meu triste respirar
Sofre a invenção das horas
Pois na ausência que deixaste
Meu amor, como ficaste
Meu amor, como demoras.
Disse-te Adeus e morri!
Autor : Vasco de Lima Couto
domingo, 18 de novembro de 2018
Eu escrevo amor
Eu escrevo amor. E nem sei porquê. Não sou eu a pessoa certa para escrever amor, e não saber explicar o que é o amor. E tu ris. Ris muito. Olhas – me e só ris, não falas, e no entanto eu seria capaz de dizer que te ouvi dizer baixinho que eu sou o amor, que sou o teu amor e que isso basta. Mas eu sei que nem estás aqui e que não falaste. Deves estar em algum lado a ouvir música ou no cinema com alguém. E eu volto a escrever amor. Assim: AMOR. E acho que estou com uma expressão idiota e cândida e nem sei porque estou aqui a meio da tarde a fazer figura de parva, enquanto tu nem deves lembrar (mais) que eu existo. E eu que estou aqui a escrever amor, como se fosse um filme que se desenrola e onde todos sabem o que significa amor, menos eu. E tu ris e dizes que eu sou lunática. E eu sei que nem falaste que sou eu que oiço vozes e que oiço a tua. E tu nem sabes que eu estou aqui a escrever a palavra amor e que acho que sei o que significa, mas que não sei explicar. Acho que é um subterfúgio apenas para pensar que um dia ainda me dizes.
És o meu amor!
BeatriceM 2012-11-11 reeditado
sábado, 17 de novembro de 2018
Dia
Com um peso de cegueira a esmagar-me o cérebro,
Face queimada pelo vento contra
E trôpego dos passos que venci em vão,
Atinjo a hora convencional da noite
Em que não há descanso já
Pois o sono é vazio de si mesmo
Face queimada pelo vento contra
E trôpego dos passos que venci em vão,
Atinjo a hora convencional da noite
Em que não há descanso já
Pois o sono é vazio de si mesmo
E mais que nunca durmo só por fora.
Desperto?
Passou um dia? Um ano?
É cinzenta de chumbo a claridade.
É cinzenta de chumbo a escuridão.
Desperto?
Passou um dia? Um ano?
É cinzenta de chumbo a claridade.
É cinzenta de chumbo a escuridão.
No tempo que não pára
Este minuto Aqui
Quanto espaço nos rouba?
Autor : Edmundo Bettencourt
in poemas de edmundo de bettencourt
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
amanhã vou comprar umas calças vermelhas
Josephine Cardin
amanhã vou comprar umas calças vermelhas
porque não tenho rigorosamente nada a perder:
contei, um a um, todos os degraus
sei quantas voltas dei à chave,
sublinhei as frases importantes,
aparei os cedros,
fechei em código toda a escrita.
Amanhã comprarei calças vermelhas
fixarei o calendário agrícolaafiarei as facas
ensaiarei um número
abrirei o livro na mesma página
descobrirei alguma pista.
Autor : Ana Paula Inácio
Vago Pressentimento Azul por Cima, Porto: Ilhas, 2000
quinta-feira, 15 de novembro de 2018
abandono
A quem senão a ti direi
como estou triste? Mas se a tristeza vem
de tu não estares, como ta direi, como hei-
-de juntar o que me está doendo ao vento
que não bate mais à tua porta? Eu sei
que a tristeza é só isto, é só isto,
o descoincidir consigo mesmo, eu sei,
descoincidir com os outros, estava previsto
porque dentro de si o mundo não coincide e
não há senão tristeza. Em cada um está Cristo
sempre abandonado, cada um abandonado
a si mesmo, sem princípio e sem fim,
pois no princípio o amor era dado
promessa de te ter sempre junto a mim
não ausência, nem dor, nem habitado
ser por todo este absurdo. Morrer
um pouco, disse, sem saber o que dizia
pois eram só palavras, como se a prometer
tudo aquilo que havia e não havia.
Não haver palavras és tu a desaparecer
Autor : Bernardo Pinto de Almeida
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
A recusa das imagens evidentes
Marcela Bolivar
Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.
Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda do seu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.
Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.
Autor : Natália Correia
In A rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
terça-feira, 13 de novembro de 2018
domingo, 11 de novembro de 2018
Ainda
sayaka maruyama
tantas vezes – ainda
são a memória dos teus dedos que me tocam
que deambulam
e correm como um rio na procura desenfreada
da foz
no meu corpo
ainda – sempre – teu.
tantas vezes – ainda
chega-me o cheiro verde de mentol
do teu hálito no meu
ainda - sempre
continua solitário - à espera do teu.
Autor : BetriceM 2011-11-06
.
sábado, 10 de novembro de 2018
...
stephen carroll
Quero falar-te das horas incandescentes que antecedem a noite e não sei como fazê-lo. Às vezes penso que vou encontrar-te na rua mais improvável, que nos sentamos diante do rio e ficamos a trocar pedaços de coisas subitamente importantes: a tua solidão, por exemplo.
Mas depois, virando a esquina, todas as esquinas de todos os dias, esperam-me apenas as aves que ninguém sabe de onde partiram.
Autor : Vasco Gato
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
como se o vento trouxesse
sayaka maruyama
recados
que pudesse abandonar
ao serviço do mensageiro
como se o vento te pudesse levar
e as palavras transformar
no milagre da cerejeira
não descuides o vento
que quem uiva
é lobo faminto
rodeia-te antes do essencial
faz-te cozinheira, semeia o teu quintal
o que por natureza rola
há-de rolar
e tu sozinha
o que podes contra o vento?
Autor : Ana Paula Inácio
In Vago Pressentimento Azul Por Cima
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
...
Não sei nem mais dizer
O que sinto por você...
Se é amor...
Se é amizade...
Se é paixão...
Mas suspeito fortemente
Que seja tudo isso junto!
Autor : Augusto Branco
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
O teu amor absoluto
leah johnston
é como a hera que envolve as paredes da casa.
Quero ser a casa
e que arranhes a cal da minha pele
e te aninhes nos meus ouvidos fendas
e perturbes a porta minha boca.
E por fim
procures o perigo das janelas
e enfrentes os meus olhos
infinitos de mágoa
noite e assombração.
Autor : Rosa Lobato de Faria
Guimarães Editora, 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2018
Hoje...
Pascal Campion
hoje vou fugir contigo
vou levar-te a lugares que só eu sei
vou ensinar-te a subir às árvores
a olhar o mundo inteiro lá de cima
vais aprender a reter a água
nas palmas das mãos
e talvez consigas à primeira
respirar o azul que o céu tem
e no fim vais perceber
que os dias são mais curtos
quando estamos juntos
Autor: José Rui Teixeira
vais aprender a reter a água
nas palmas das mãos
e talvez consigas à primeira
respirar o azul que o céu tem
e no fim vais perceber
que os dias são mais curtos
quando estamos juntos
Autor: José Rui Teixeira
domingo, 4 de novembro de 2018
olho através da vidraça
sharon sprung
olho através da vidraça, e, ainda sinto na (minha) pele
o sabor da entrega
no dia em que precedeu
a noite (em mim.
depois de tantas luas, ainda acordo com
sinais do teu corpo,
no meu
e sei que, nunca mais, nunca mais.
seremos pele e beijo.
BeatriceM 2013.11.03
sábado, 3 de novembro de 2018
Retrato
irina mastalyarchuk
Fui só eu que estraguei as alvoradas
- presas suaves nos plúmbeos céus!,
e dei água aos ribeiros da minha alma
e fiz preces de amor e sangue, a Deus...
Fui só eu que, sabendo da tormenta
que o vento da nortada me dizia,
puz meus lábios no sonho incompleto
e rasguei o meu corpo na poesia.
Vieram dar-me abraços e contentes
viram que me afundava sem remédio
- nem um grito subia do horizonte
há mil anos deitado sobre o tédio!
Quando chamaram por mim do imenso rio
que a noite veste para se entreter
vi que os barcos andavam cheios de almas
buscando sonhos para não sofrer.
Cantavam doidas como a dor e a morte
parando, a espaços, para ver montanhas
e eram luzes mordidas pelas sombras,
corajosas, infelizes - mas tamanhas!
Eu fugi de as ouvir (que ardentes vozes...)
de navegar nas mesmas ansiedades
e fui sozinho semear as luas
e a natureza inculta das idades.
Parti, negando à vida o seu direito,
recalcando os meus sonhos e os meus medos...
sei agora que matei o meu destino
e quebrei o futuro nos meus dedos.
Autor : Vasco de Lima Couto, in Os Olhos e o Silêncio - 1952
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Palavras
Mirella Santana
como lábios,
como beijos.
Pássaros, sedentos de ramos
e de sombra,
pousam-me nos ombros.
A movimentos de asa,
desenham-me ainda um corpo
certa arquitectura de água,
rasgada no vento.
Autor : Luísa Dacosta
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
terça-feira, 30 de outubro de 2018
Vida
Ashraful Arefin
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!
Viva!!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.
Autor : Augusto Branco
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