quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A recusa das imagens evidentes

Marcela Bolivar

Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.

Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.

Autor : Natália Correia
In A rosa do mundo 2001 poemas para o futuro

1 comentário:

Larissa Santos disse...

Muito boa escolha... Adorei...:))

Hoje com: Trilhos da Solidão

Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.