terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Eco

Vagas são as promessas e ao longe,
muito longe, uma estrela.

Cruel foi sempre o seu fulgor:
sonâmbulas cidades, ruas íngremes,
passos que dei sem onde.

Era esse o meu reino, e era talvez essa
a voz da própria lua.
Aí ficou gravada a minha sede.
Aí deixei que o fogo me beijasse
pela primeira vez.

Agora tenho as mãos vazias,
regresso e sei que nada me pertence
— nenhum gesto do céu ou da terra.
Apenas o rumor de breves sombras
e um nome já incerto que por mágoa
não consigo esquecer.

Autor : Fernando Pinto do Amaral
In Poemas Escolhidos

1 comentário:

_ Gil António _ disse...

Singular e super ... poético.
Cumprimentos
.
……………Poema de hoje ………………….
*** Labaredas que aquecem o nosso coração ***