quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Escreve-me muitas vezes


Escreve-me muitas vezes
como os percursos ininterruptos das formigas
o ritmo dos girassóis devolvidos à condição de flor
e o reflexo das nuvens no lado interior dos rios
guardados nas minhas mãos

Escreve-me tantas vezes
quantos os nocturnos quase-vazios entre as estrelas
os quebrantos de mar aos pés prateados da lua
e as intuições anunciadas na respiração dos dedos dos amantes

Nunca deixes de me escrever
como se o tempo das palavras fosse o dos regressos

confirmado na existência e docilidade das pedras

Nunca deixes de me sentir

Autor : Sandra Costa
Imagem : Pinterest

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