sábado, 9 de novembro de 2024

Aniversário

Salva-me agora, não desta morte ou de outra
mas de ir vivendo assim seguramente
sem música nem arte, e com o amigo ausente.

No escuro ainda levantei-me e vi
a antiga madrugada que nascia
leve e primeira com a luz macia.

E quem me ouvia, se não os mortos mansos
e generosos sob a lousa fria?
É certo que sonhei que me deixavas
amar e ser amado, como quem
sem mérito nem rosto me fizeste;
mas era de cantor que me mandavas
às portas da cidade ver arder o dia.
  
Autor : António Franco Alexandre
Imagem:Laura Zalenga

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

Salvemo-nos de viver sem arte.
Um abraço.