quarta-feira, 7 de setembro de 2022

despedida

 

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão
que está onde as outras coisas nunca estão,

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.

Autor : Cecília Meireles
Imagem : Brooke Shaden

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um grande poema, mas triste, de renúncia.

Cidália Ferreira disse...

Excelente poema. Obrigada pela partilha!!

-
Enquanto as ondas dormem no mar...

Beijo e um excelente dia.

- R y k @ r d o - disse...

Fascinante de ver e ler. Deixo o meu encanto e elogio
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Abraço poético
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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