quinta-feira, 22 de setembro de 2022

quando a ternura for a única regra da manhã

 


um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade.


Autor José Luis Peixoto
Imagem : Maria Magdalena Oosthuizen

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Aguarela deslumbrante. Poema poderoso, sublime, fascinante de ler. A harmonia poética perfeita
.
Um dia feliz … cumprimentos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Pintor de Palavras disse...

Sentir a felicidade na força do amor de uma vida.

Cidália Ferreira disse...

Uma prosa maravilhosa. Adorei :)
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Sentem-se os ventos de mudança

Beijos
Boa noite!