sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Uma guitara perpetua o verão

 

Longínqua, uma guitarra perpetua o verão
na larga casa da saudade.
Abro as janelas do mar
e no clamor das ondas
o sol de agosto desce calmo
sobre os barcos.
Sou jovem em qualquer lado
onde há o brilho indomável
dos anos, antes destes,
e de outros, longe de ti.
Chegam pescadores do lado
dos búzios e dos limos
com os pés calçados de sargaço
e a tarde é um farol nas nossas mãos.
Cada palavra que dizes
é um rio junto à fonte,
uma claridade a abrir,
a subir a pique sobre o mundo.
Ouso pedir-te
que te escondas comigo
nesta ilusão de juventude
plasmada na minha varanda
aberta sobre o mar;
que não apresses a voz;
que me deixes cerzida num abraço,
e que a tarde caia sobre nós
fulgente de ouro e luz
alheia ao peso do cansaço.

Autor : Maria Isabel Fidalgo
Imagem : Maria Magdalena Oosthuizen

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Neste poema, podemos sentir o ambiente.

- R y k @ r d o - disse...

Imagem e poema deslumbrantes, fascinantes de ver e ler.
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Cumprimentos cordiais e poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
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