sexta-feira, 20 de maio de 2022

Mulheres à Beira-Mar

 

Confundido os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.

Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos penetra nas espumas.

Passam aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prolonga o interminável rastro no céu
branco.

Com a boca colada ao horizonte aspiram longa
mente a virgindade de um mundo que nasceu.

O extremo dos seus dedos toca o cimo de
delícia e vertigem onde o ar acaba e começa.

E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.

Autor : Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: David Talley

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um poema algo complexo na sua construção.

Paula Saraiva disse...

Um poema encantador e foto deslumfrantes.
Beijinhos e um bom fim de semana

Cidália Ferreira disse...

Muito bom Gostei bastante!
-
Detalhes de uma vida de solidão...

Beijos, e um bom fim de semana