sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Anoitece em Inferno a Minha Casa

 


Anoitece em inferno a minha casa.
Fico com este começo de verso
a serenar a exaltação de não dizer nada.
Deixem-me com este sorriso a morrer
por uma sílaba mais real onde um verso
me sossegue
com unhas de lama e sangue,
como garras.

Anoitece em inferno a minha casa.
Fica a certeza de não ter fim o que
de inutilidades se basta,
ou apenas o instante em que,
por um verso, eu fui
a outra parte da casa.

Helga Moreira, in 'Os Dias Todos Assim'
Imagem : Margarida Cepêda

4 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um poema de desespero, comum.
Um abraço.

Paula Saraiva disse...

Um poema de solidão.
Lindo.

Beijinhos e um excelente fim de semana

- R y k @ r d o - disse...

Imagem e poema deslumbrantes. Intenso e profundo. A harmonia poética perfeita.
.
Saudações cordiais
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Um poema tão bonito! Obrigada pela partilha!
-
Deambulando a sós...

Beijos, e um execlente fim de semana.