domingo, 11 de outubro de 2020

Final do dia

E eu sei que quando abro a porta
agora nada existe para além dela 
senão, móveis silenciosos 
por vezes com réstias de pó.

E eu não oiço a tua voz rouca 
a perguntar: 
-Miúda és tu? 

A chuva introduziu-se na janela 
que deixei entreaberta 
e eu olho que o chão está molhado 
e respondo alto para mim mesma. 

-Sim, sou eu! 
Já cheguei! 

E não penso em mais nada, 
excepto que tenho mais uma noite pela frente 
e a noite é longa, tão longa 
com seus fantasmas e memórias. 

Estendo o meu corpo esgotado sobre a cama 
e estendo a saudade da tua presença. 

Autor : BeatriceM 2020-10-04 
Imagem :Ruslan Bolgov

1 comentário:

brancas nuvens negras disse...

A memória como companhia na solidão. Gostei do poema.
Boa Noite.