quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A verdadeira mão

Natália Drepina

A verdadeira mão que o poeta estende
não tem dedos:
é um gesto que se perde
no próprio acto de dar-se

O poeta desaparece
na verdade da sua ausência
dissolve-se no biombo da escrita

O poema é
a única
a verdadeira mão que o poeta estende

E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta

Autor : Ana Hartherly
In O Pavão Negro(2003)

2 comentários:

LuísM Castanheira disse...

há poemas assim: estrangulam.
gostei.
Um beijo.

BeatriceMar disse...

Luis

muito obrigada pela visita.

abraço!