quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Tudo à volta se move


Olga Astratova

Tudo à volta se move.
É firme e seca a terra
e eu sinto que as águas me engolem.
Julguei-me o sonho
mas dele
não sou mais que a névoa.
O provável que afastas
com medo que arda.
A poeira pousada no vestido transparente
da solidão que persegues.
Baixo os braços
cansada
de ficar frente às luzes que acendes.
Uma a uma sopro-as.
A dor tacteia as paredes
mas eu sou
o escuro do quarto que a cega.
Enquanto o silêncio alucina ainda
com o gemido de outras noites
eu emerjo do fundo do poço
sem que os meus lábios beijem as águas.

Autor :Sónia M
http://soniagmicaelo.blogspot.pt/

1 comentário:

Mar Arável disse...

Belo poema

sentido a respirar
no corpo das palavras