domingo, 29 de abril de 2012

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gostava de voar, mas as asas por vezes frágeis cortavam-se por entre o improvável voo , vezes outras, eram pesadas demais, nesses dias vogava pelo sonho e aspirava o aroma da maresia do mar .  um dia experimentou chorar e não gostou do sabor a sal das lágrimas. desde esse dia criou um palco de alegrias onde,e, só o sorriso tem lugar.
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autor: Beatrice

 Foto : Srebrna Kropla

domingo, 22 de abril de 2012

Linho,que desalinho


Linho, que desalinho!
Como te invejo, maganão!...
Alcanças tu, atrevido
Onde não chega a minha mão...

Andas prá aí todo ufano
Em rimas de poesia...
Tomas por arte o engano
E por louca a fantasia...

Quando devias, é certo
Ser apenas alvura
E deixares a descoberto
A doce formosura
Em resguardo deitada
Abrindo-se como uma rosa
Ao perfume da madrugada...

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Autor : Senador

domingo, 15 de abril de 2012

Há Palavras


Talvez um dia eu ouça as palavras que eu imaginei e nunca me disseste, não é um exercício da minha mente nem tão pouco um desejo que mantenho. Talvez seja apenas um segredo que guardei no silêncio, da partilha dos corpos e que nunca falamos. Há palavras que não são ditas em voz altas. Há palavras que se desenham no olhar.
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Autor:BeatriceM
Foto:LAQ

domingo, 8 de abril de 2012

Talvez

Talvez a coroa cravada na fronte 
Talvez a dor 
Não fosse o caminho merecido 
Para salvar do pecado todos 
Os que não Te souberam amar.


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Autor :Beatrice

Foto : Ryszard-Lebmor

domingo, 1 de abril de 2012

Que Fizemos


Que fizemos dos nossos sonhos, e dos
beijos que trocamos, quando nada era proibido
e tu vinhas à noite por entre as árvores da praça
e eu esperava-te no café da esquina.

Hoje somos dois estanhos que se refugiam
na melancolia dos dias, e quando te procuro
com o olhar por entre as árvores da praça
é apenas uma sombra que imagino.

mas nunca és tu

Autor : Beatrice
Foto: absentia

domingo, 25 de março de 2012

Esqueci



Tantas vezes me dizias que me amavas
 E eu sabia que era mentira 
Mas fingia e acreditava
 Porque nada tinha senão as tuas palavras

 Esqueci 
 As esperas a imaginar
 As chegadas 
Que eram apenas partidas 
 Apenas promessas em palavras

 Esqueci

 As datas
 Os locais
 Tanta mentira que quando
 Se transformou em verdade 
Eu pensei que era mentira

 E simplesmente esqueci

E esqueci-te


Autor : Beatrice
Foto: OczywistaPanda

domingo, 18 de março de 2012

Falesias


Poder-me-ão encontrar, trago um rapaz na minha
memória, a casa a uma janela
da qual o faço vir como um sabor à boca,
falésias onde o aguardo à hora do crepúsculo.

Regresso assim ao mar de que não posso
falar sem recorrer ao fogo e as tempestades
ao longe multiplicam-nos os passos.
Onde eu não sonhe a solidão fá-lo por mim.
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Autor : Luís Miguel Nava
Foto : The Professor


domingo, 11 de março de 2012

deixei-te partir



deixei-te partir sem recriminações
sem palavras, nem ecos
apenas silêncios

silêncios

quando a porta se fechou
olhei-me e não me vi
apenas senti-me num chão sem chão

ferida e magoada, anestesiada 
como se estivesse dentro de água
em hipotermia crescente

e pensei no cheiro das gardénias
que um dia tive no parapeito da janela
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Autor : Beatrice
Foto: api

domingo, 4 de março de 2012

Ofício de Amar



já não necessito de ti
tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e
o remorso



um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas



ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade de meu próprio corpo

Autor : Al Berto In O Medo

Foto : monicy

domingo, 26 de fevereiro de 2012

e na cor alva


e na cor alva das manhãs
havia sempre a partilha dos corpos,
sobre a seda, osso e pele,
foi há tanto tempo
que os ruídos das sombras, renascem
na noite que se opõe às manhãs.
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e sei que havia, luzes no fogo inflamado

nas pétalas calcinadas das flores

em combustão.
.
e tudo foi (era) possível como a luz rubra da paixão.

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Autora: Beatrice
Foto ; Szymons

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Estavas sentado e havia uma paisagem agreste





Estavas sentado e havia uma paisagem agreste
nos teus olhos: as nuvens a prometerem chuva,
os espinheiros agitados com a erosão das dunas,
um mar picado, capaz de todos os naufrágios.

O teu silêncio fez estremecer subitamente a casa -
era a força do vento contra o corpo do navio; uma
miragem fatal da tempestade; e o medo da tragédia;
a ameaça surda de um trovão que resgatasse a ira
dos deuses com o mundo. quando te levantaste,

disseste qualquer coisa muito breve que me feriu
de morte como a lâmina de um punhal acabado
de comprar. (Se trovejasse, podia ser um raio
a fracturar a falésia no espelho dos meus olhos.)

Hoje, porém, já não sei que palavras foram essas -
de um temporal assim recordam-se sobretudo os despojos
que as ondas espalham de madrugada pelas praias.

Autor : Maria do Rosário Pedreira

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Na noite


Na noite existem estrelas mágicas
Que me levam a alumiar o caminho
Entre o céu e o destino

Em archotes de luz ávida
E esplendorosa
Semeio pirilampos

E percorro mansamente
Os trilhos proibidos que me levam a ti
.
Autor :BeatriceM 2012-02-12
Foto: Rockania

domingo, 5 de fevereiro de 2012

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ladro à lua faminto de teu corpo
nas infinitas noites
em que não vens apesar do grito!..

tomo-te em meu corpo febril
como adolescência do desejo
em solidão desesperada!...

colho-te pura flor da madrugada
entre orvalhos e lascívia sibilada
em que te deito sem te ter!...

sorvo-te no altar da tuas coxas
persigo a meta como caça em língua
resoluta em febre de greta  molhada...

sublimo-te na explosão do meu sexo
como gota na sofreguidão do beijo
como se tu viesses toda inteira...


Autor:Senador
Foto: Jerzy Sowa, Jr.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Haverá talvez


Haverá talvez um modo de amanhecer
que revele nos olhos o secreto ardor
com que se levanta o trigo enorme.

Haverá talvez um lago que a noite não toque
e de dia em dia, como ontem, como amanhã,
cante a mulher que ali foi ver nascer o filho.

Haverá talvez um suor que não o do sacrifício
e com o qual a pele cintile como uma borboleta
que vem descendo o céu até à flor dos teus lábios.

Haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.

Haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo.

 Autor : Vasco Gato

domingo, 22 de janeiro de 2012

É hora da partida


É hora da partida – esperada
A roupa cobre o meu corpo 
Agora só meu
E deixo desordenados 
Aromas impregnados no teu 

Descansas num mar revolto
De sentires 
De desejos consumados
E de olhos fechados – dormes
Sonhando prazeres partilhados

Já não estou mais ardendo
No lume que nos queimou
No ocaso que chegou
No eco que se desfez
Na hora da partida que se anunciou

E vou pela calada
Dançando em passos ligeiros
Ainda com vestígios de beijos e mel
E das carícias que ficam 
A flutuar em parcelas de saudade.
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Autor : BeatriceM 22-01-2012
Foto: Laura Makabresku