domingo, 29 de janeiro de 2012

Haverá talvez


Haverá talvez um modo de amanhecer
que revele nos olhos o secreto ardor
com que se levanta o trigo enorme.

Haverá talvez um lago que a noite não toque
e de dia em dia, como ontem, como amanhã,
cante a mulher que ali foi ver nascer o filho.

Haverá talvez um suor que não o do sacrifício
e com o qual a pele cintile como uma borboleta
que vem descendo o céu até à flor dos teus lábios.

Haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.

Haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo.

 Autor : Vasco Gato

3 comentários:

mfc disse...

Haverá talvez um mundo melhor... mas teremos que lutar neste!

Mar Arável disse...

... nada será oferta...

tudo se conquista
e move

Manuel Veiga disse...

poema arrebatado... e arrebatador.

gostei.

beijo