quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Podias obedecer a um registo de perder

  

Podias obedecer a um registo de perder
o respeito, levantar a saia se a tivesses,
alçar a perna se cão fosses, mandar à merda
quem vem socorrer-te da vida e te decepa os dedos.

Com um rigor de artilharia que amortece o cansaço,
o combate quase sereno. De vez em quando,
fazes a conta de cor e dizes apesar de tudo, inspiras-me,
e não queres saber muito mais do que isto.

Estás na vida com na montra alguns relógios,
parado, e pensas numa sepultura no mar, tudo
menos esta terra, tudo menos uma corda, tudo menos
viver a pulso e ter de sacudir a chuva contra o casaco.

Os dias sem prognóstico, vivendo apenas para
esperar a madrugada, e que ela venha como cortejo
e aprendas a ficar.

Autor :  Marta Chaves
Imagem : Annegien Schilling

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Intenso e profundo. Bela imagem
.
Abraço e/ou beijinho.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Paula Saraiva disse...

Lindíssimo.
Beijinhos.

Cidália Ferreira disse...

Mais um poema magistral que adorei ler! :)
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Existem silêncios que atropelam ...
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Beijo e uma excelente noite :)