quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Mágoa


Eu que cheguei a ter essa alegria
de junto ao meu possuir teu coração!
Eu que julgava eterna a duração
do voluptuoso amor que nos unia,

sou ‒ apagada a última ilusão,
morto o deslumbramento em que vivia,
‒ um cego que ao lembrar a luz do dia
sente mais negra ainda a escuridão.

Tu me deste a ventura mais perfeita,
perdi-a e dei-te a chama insatisfeita
dessa imensa paixão com que te quis…

Hoje, o que eu sinto, inútil, revoltada,
não é mágoa de ser desgraçada,
‒ é pena de ter sido tão feliz.

Autor : Virginia Vitorino
imagem Erica Hopper

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Soneto lindíssimo que me fascinou o ego, ao ler
.
Saudações poéticas.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Paula Saraiva disse...

Poema lindíssimo, simplesmente emocionante com uma linda história de amor.
Beijinhos e uma boa semana.

LuísM Castanheira disse...

Muito belo
O poema leva-nos a um tempo
onde se foi feliz...sem o saber.
Um abraço, B