quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Janela

 

Dias depois, ainda na cama,
não conseguia escolher a melhor saída,
que chão frio podia suportar os meus pés.
O peso das tuas costas, que estavam só
do outro lado, desceu até se somar
ao meu próprio peso sobre os meus pés descalços -
e eu sem saber a que parte da casa podia ligá-los.

Uma janela surpreendente, esquadria perfeita
agora à minha direita
e ar que entrou: talvez pudéssemos
de facto ser respiráveis.

A amanhecer ao longe um azul lento e claro.
Demasiado mais claro
em muito pouco tempo,
atrás da escola, não chegaria a cegar ninguém:
as nuvens mais leves, como os pesadelos,
resgataram antes as possíveis vítimas,
inocentes não declarados que circulam sem saberem
da sua condição ou destino.

Autor: Margarida Ferra
Imagem : Omar Ortiz

2 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

O poema é sem dúvida muito bonito. Mas ... a foto desconcentra mesmo a mente de um homem, lol
.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Cidália Ferreira disse...

Uma partilha sublime. Amei o poema e a imagem! Obrigada pela partilha! :)
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Escrever, é falar em silêncio
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Beijos. Votos de um dia feliz.