Que farei agora com as dores tépidas
que me consomem os ossos do entendimento?
Que farei com tantos gritos atirados
ao esquecimento agora que a garganta é
um crivo deformado e a voz uma depressão
incómoda na sequência dos significados?
As esperas inacabadas, os equívocos das mãos
abertas para nada, que farei eu com elas?
Porque não escrevi todos os poemas quando
o mundo era ainda um lugar belo e perfeito,
quando o meu coração era ainda inteiro
e virgem, quando tinha ainda os olhos limpos
de tanto mal?
Que farei agora com as cinzas do meu peito?
Onde vou eu sepultar as alegrias mortas?
Autor : Virgínia do Carmo
1 comentário:
Poeticamente fabuloso de ler
.
Cumprimentos saudáveis
Cuide-se
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