Nesse verão nenhum de nós buscava terra firme
parecia-nos caminhar há séculos sobre as águas
Donde viemos nós? Como chegámos a esta luz
austríaca sobre as colinas
ao fumo lento no anfiteatro do golfo
à ordem aleatória do tempo?
Talvez nos caiba viver por cidades estranhas
em casas que esconderão sempre o seu medo
e a sua glória
sós diante dos céus
sem a certeza culminante
Vemos a tarde perder-se na direcção do molhe
o mundo é aquilo que nos separa do mundo
Autor : José Tolentino Mendonça
Resumo: A Poesia em 2009 [de O Viajante sem Sono], Assírio & Alvim, Lisboa, 2010.
2 comentários:
Um poeta que fala com os deuses.
Fabuloso poema!! :))
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Ilusão da alma que guarda segredos de si
Beijos. Bom fim de semana.
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