sábado, 23 de abril de 2022

Aos Poetas

 que faremos poetas aos cravos
roxos e libertos de maresia?que faremos às pernas do dia
que faremos maduramente em cachos?

que faremos é pôr as mãos no lume
viver é ter figueiras de abandono no quintal
morrer é balizar o sol com perfume.

Que faremos poetas antes do render
das botas ao chafariz dos versos?
que faremos a estes calhaus dispersos
– ilhas de carne e osso com a lava a escorrer?

cantar é desfolhar as rosas da garganta
gritar é ter nas veias a raiva dos fortes?
amar é sempre um medo que se canta.

a nada nos obriga a posição dos mortos?

Autor : Álamo Oliveira
(in 14 Poetas de Aqui e de Agora. Angra do Heroísmo, 1974)


2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um poema intenso.

- R y k @ r d o - disse...

Poema para uma profunda reflexão. Gostei muito.
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Feliz fim-de-semana … abraço.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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