sábado, 23 de janeiro de 2021

As palavras e a máscara

Para que servem as palavras
que nunca cheguei a dizer?
As justificações?
Um cabriolar de motivos,
que, por mais autênticos e verdadeiros,
lerias como farsa
para um palanque que o tempo não poupou.
De que serve falar do não pensado
ou do pensado sem rigor nem previsões;
dessa loucura antiga
que a vida inteira puniu
como um resgate
do que em mim emenda nunca tivera
nem sequer diminuição?:
pagamento desmedido;
tormento por um gesto descuidado,
estouvamento;
máscara com que ainda hoje disfarço
aquilo que não tem nome.

Autor:  Victor Oliveira Mateus. folhas - letras & outros ofícios 15. Aveiro: Grupo Poético de Aveiro, 2017, p 129.
Imagem : Freddie Ardly

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...


Poema fascinante de ler. As máscaras, pelo menos um bem trazem. Não existem pessoas feias.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Feliz fim de semana
Cuide-se.