quarta-feira, 4 de novembro de 2020

FluÍdos


tornei-me assim liquefeita
quando daquela feita
despi-me de nãos e sins

de mim então me perdi
nessa vontade inconclusa
acumulada no rim

ficou a mágoa comigo
fincada dentro do umbigo
quase criava raiz

minha tristeza de chuva
esta amargura profusa 
tem olhos túmidos

sou tal e qual o dilúvio
derramo transbordo enxurro
sangro os pulsos

Autor- Líria Porto
in "Esculturas musicais 14". Zunái - revista de poesia e debates, 26.7.2013.

4 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um poema de autoanálise, muito interessante.

" R y k @ r d o " disse...

Poema muito bonito de ler. A foto é fascinante.
.
Um dia feliz
Abraço

Cidália Ferreira disse...

Que poema lindo! :)
.
Mundo louco...
.
Beijo, e uma boa noite!

sinuosa disse...

Líria Porto: poesia que usa só as palavras necessárias. Admiro.