abre a janela devagar
e olha com rigor o dia que não tenho.
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
ter tido a morte é mais do que mereço
se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
e um pedaço de céu
- o único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
que não saber voar
foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que eu não venho
e do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
pois não estar é da morte quanto sei.
Autor : Rosa Lobato Faria
imagem : Alex Stoddard
2 comentários:
Linda poesia! Intensos versos do inevitável para todos nós.Abraço e um ótimo dia.
Uma dos mais belos Poemas da Rosa de Lobato Faria.
Hoje : Tempo incerto numa acalmia que dói
Bjos
Votos de uma óptima noite.
Enviar um comentário