Aos
domingos, quando os sinos tocam
de manhã,
o que neles se toca é a manhã,
e todas as
manhãs que nessa manhã
se juntam,
com os dias da infância que
nunca mais
acabavam, as casas da aldeia
de portas
abertas para quem passava,
as ruas de
terra batida onde as carroças
traziam as
coisas do campo, os cães que
corriam
atrás delas, uma crença no sol
que
parecia ter expulso todas as nuvens
do céu, e
a eternidade desses domingos
que
ficaram na memória, com o ressoar
dos sinos
pelos campos para que todos
soubessem
que era domingo, e não havia
domingo sem
os sinos tocarem a lembrar,
a cada
badalada, que os domingos não
são
eternos, e que é preciso viver cada
domingo
como se fosse o primeiro, para
que o
toque dos sinos não dobre por
quem não
sabe que é domingo.
Autor : Nuno
Júdice
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