Era a calma do mar naquele olhar
Ela era semelhante a uma manhã
teria a juventude de um mineral
Passeava por vezes pelas ruas
e as ruas uma a uma eram reais
Era o cume da esperança: eternizava
cada uma das coisas que tocava
Mas hoje é tudo como um fruto de setembro
ó meu jardim sujeito à invernia
A aurora da cólera desponta
já não sei da idade do amor
Só me resta colher as uvas do castigo
Sou um alucinado pela sede
Caminho pela areia dêem-me um
enterro sob o sol enterro de água
Autor :Ruy Belo
em «Transporte no Tempo» (1973), in Todos os Poemas
Imagem : Mirella Santana
1 comentário:
Achei muito interessante atualemnte esta sua postagens. Parabéns!
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