quarta-feira, 27 de março de 2019

Rosto

Platon Yurich
Nunca vieste
quando o desejo
fazia um entalhe de sofrimento e apelo
na polpa, madura, do dia.

Nunca vieste
quando um golpe de luar
abria ao lado do meu corpo
um lençol fresco, para acolher-te.

A tua boca não prendeu
a flor dos meus lábios.
Nunca calei no teu beijo
a indizível palavra.

Nunca vieste

Respirei-te no sonho.
A morte terá o teu rosto desconhecido.

Autor : Luísa Dacosta
in A maresia e o sargaço dos dias

1 comentário:

Larissa Santos disse...

Um poema brilhante :))

Hoje:- Silêncio, em sentimento profundo.

Bjos
Votos de uma óptima noite de Quarta- Feira.