sábado, 23 de março de 2019

Astronomia

Vou buscar uma das estrelas que caiu
do céu, esta noite. Ficou presa a um
ramo de árvore, mas só ela brilha,
único fruto luminoso do verão passado.

Ponho-a num frasco, para não se
oxidar; e vejo-a apagar-se, contra
o vidro, à medida que o dia se
aproxima, e o mundo desperta da noite.

Não se pode guardar uma estrela. O
seu lugar é no meio de constelações
e nuvens, onde o sonho a protege.

Por isso, tirei a estrela do frasco e
meti-a no poema, onde voltou a brilhar,
no meio de palavras, de versos, de imagens.

Autor : Nuno Júdice
In O Breve Sentimento do Eterno
 Lisboa, Edições Nelson de Matos, 2008

2 comentários:

Larissa Santos disse...

lindo, lindo, lindíssimo :))

Hoje:- Por ti, todos os banhos valem a pena. | Poetizando e Encantando |

Bjos
Votos de um óptimo fim-de-semana.

Unknown disse...

Mto bonito,como os poemas a que já nos habituou.
Muito bom,sempre.