que não seja teu
que não seja nada.
Que não saiba a café
ou a desamores.
Que não transborde paixão
para dentro da minha boca exangue
e não diga frases molhadas.
Não quero um beijo rubro
carregado de ânsias febris,
um almiscarado ósculo
com um currículo de mágoas, de paixões
de raivas tracejadas.
Quero um beijo meu.
Não sei se é cândido, se devasso
mas traz em si um rótulo diabólico
um carimbo que não passa de prazo
uma tatuagem que morde e infecta.
Bebo nesse meu beijo a saliva de outro
o despudor da alma desnuda
o vício de largar na boca
inconsequentes devaneios.
Nos meus lábios sinto quebrantos
e orgias seladas com lacre.
Quero um beijo meu
que não seja teu
que não seja nada
que não seja de ninguém
Autor© Margarida Piloto Garcia.
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