domingo, 10 de novembro de 2013

esperança nas pontes da vida

Monna Jomma

transpus sozinha a ponte,
quando mais precisava de uma mão,

na minha aflição pensei,
que árdua seria,
sair incólume da dor

tiritava e nem sabia,
que a dor pode ser suplantada

e na velocidade da noite,
a alvorada pariu ,
o dia que me traz nesgas de luz,
alegria e odores,
que pensei ter perdido,
e sinto o meu coração, 
bater e sei que ,
tudo vai passar.
.
BeatriceMar 2013/11/10

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CHUVAS


Jeff Rowland

Espremi uma nuvem com as mãos
Para chover em meu jardim.
Choveu intransitivo, impessoal
Pedinte,
Choveu extrovertido
Trovoadas coloridas
Pingos azuis - teus olhos.

Relâmpagos ofuscaram meus olhos
Um girassol brotou irradiante
E minhas mãos secaram...
Pedintes, ásperas
Duras como um entardecer.

Espremi uma nuvem com as mãos
Para chover em meu jardim.
Choveu tanto, tanto
Que até choveu você em mim.

Autor : Carlos Eduardo Leal 02-04-2012

domingo, 3 de novembro de 2013

olho através da vidraça

Sharon Sprung


olho através da vidraça, e, ainda sinto na (minha) pele
o sabor da entrega
no dia em que precedeu
a noite (em mim.

depois de tantas luas, ainda acordo com
 sinais do teu corpo, no meu
e sei que, nunca mais, nunca mais.

seremos pele e beijo

BeatriceM  2013.11.03

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Brincadeira

By Jasper Tejano

Brinca comigo à procura
de uma estrela noutro céu
Brinca e lava a noite escura
com os sonhos que Deus te deu

Começa devagarinho
- por favor, não tenhas medo,
que o meu coração fez ninho
dentro do teu em segredo

Acorda os anjos que dormem
com a luz do teu sorriso
Faz com que não se conformem
e saiam do paraíso

Deixa-os entrar de repente
no teu quarto, a esta hora
em que a verdade mais quente
é o sono que te devora

Brinca comigo às escuras,
ensina-me o que não sei
Onde estás? Porque procuras
o coração que te dei?

.
Autor : Fernando Pinto do Amaral

domingo, 20 de outubro de 2013

O dia

Rose Frith

O dia, está cinzento

E sem aromas pelo ar

E mesmo daqui do cimo
Pesa-me sobre meu olhar

O que resta são esses balões
Que me alegram a visão
E este mundo só meu que eu
Aperto entre meus dedos
Com medo de o  perder

Não chove na minha rua
As sombras não me me apoquentam
Os pássaros estão em seus ninhos
E há tanta brincadeira no ar


BeariceMar 2013-10-19

domingo, 13 de outubro de 2013

pedido ao vento

Lyse Paquet

vem, conhecer
a minha cidade
agora que é outono,

       quando a tarde se esvai
e o crepúsculo é mais enternecedor,

e não precisas dizer nada
nem sequer ,quando olhares
 assustado para o meu cabelo
que tingi da cor do poente.
.
BeatriceMar

domingo, 6 de outubro de 2013

Portas




A porta sempre esteve escancarada,
por vezes fazia frio,
outras vezes um calor insuportável,
suportei ventos,
canículas,
pânicos,
sentires,
e no entanto,
tu nunca franqueaste sequer a ombreira.

Tanto tempo passou, desde então.
Hoje só meu coração te espera.
A porta já não existe,
o tempo já há muito que a danificou

BeatriceMar

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Festa do Silêncio


António Victor Ramos Rosa
17 de Outubro de 1924
23 de Setembro de 2013


Escuto na palavra a festa do silêncio. 

Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. 
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. 
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. 
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma. 

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia, 
o ar prolonga. A brancura é o caminho. 
Surpresa e não surpresa: a simples respiração. 
Relações, variações, nada mais. Nada se cria. 
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça. 

Nada é inacessível no silêncio ou no poema. 
É aqui a abóbada transparente, o vento principia. 
No centro do dia há uma fonte de água clara. 
Se digo árvore a árvore em mim respira. 
Vivo na delícia nua da inocência aberta. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

domingo, 15 de setembro de 2013

Por ti

Inna Narkevich


Por ti
Esperei tardes prolongadas
com os ossos enregelados
e o coração magoado.

E quando o declinar do dia
ameaçava tempestade
inventei poentes
alimentei mágoas
forjei fragrâncias nos sargaços .

Aguardei

Um abraço que não chegou
Um beijo que não aconteceu

E nas esperas envelheci
Envelheci mais que as noites, as esperas, os dias

Os abraços não dados
Os beijos não permutados.

Hoje quando a maresia trouxe com ela
resquícios do teu perfume
constatei, pesarosa
que já nada havia para esperar.
.
BeatriceMar



domingo, 8 de setembro de 2013

Detalhes

Linda Stokes



                                 Como se ainda estivesses a olhar,
o poente, nos caminhos do sul,
as mãos nas minhas,
e a barreira do silêncio em nós.

As palavras que não dissemos
a lágrima que eu escondi.
O momento em sonho iludido,
e o fim do desejo,
a planar na tarde.
.
BeatriceMar

domingo, 1 de setembro de 2013

Fogo

Matthew Scherfenberg -

Nunca aprendi a apagar o fogo,
quando por vezes o sinto,
entranhar-se em mim.

Diz-me a brisa 
que bastava somente 
um beijo a planar o corpo



BeatriceM 2013/09/01

domingo, 25 de agosto de 2013

o pintor de aguarelas

Emerico Toth



Já não sinto a cidade
mas
um pássaro
arredio
sonhador
e
de olhos
salpicados de giz
segredou-me
que ela ainda te sente.

E

Saber-te a pintar
em aguarelas difusas
ou por vezes rubras
cinzentas
ou mesmo sem cores
por agora
 é  suficiente.
.
Beatrice M 2013-08-22

domingo, 18 de agosto de 2013

Turbulência



Ando a fingir-me de sol…passeio-me na noite. Passos esquisitos, sem luz.
Desorientados…sem rumo. Não sinto  cores do momento.
Estou num barco com o leme quebrado, destruído nas trevas das torrentes assassinas,
nos espectros de humanos sequiosos de poder e lugar além do sol.
Intempéries agitam-se.
Espreito,
uma serenidade que eu a tudo o custo queria minha.
Luto
E já não consigo prender
Ando sem orientação
Olvidada de todos e tudo

Por vezes – penso- até de TI
.
BeatriceMar 2013/08/18

domingo, 11 de agosto de 2013

as horas




as horas que perdi a esperar-te, não foram perdidas.  sempre foram compensadas, pelo brilho dos teus olhos ao chegar.

desde Junho que não te espero mais  e sobra-me as horas que perdia.

sem perder.

não sei que faço com elas, nem sei que faço da solidão em mim.

BeatriceM 11/08/2013

domingo, 4 de agosto de 2013

Partida


Não disseste, que a morte era uma
pétala que cai, em forma de vida
que fenece,
apenas te foste, num murmúrio e sem alardes
partiste simplesmente,
no canto das aves,
numa jornada sem retorno.
.
BeatriceMar