terça-feira, 21 de janeiro de 2025

É a prata da minha amada


É a prata da minha amada.
Dir-lhe-ei docemente adeus,
e que não arranque os espinhos da primeira rosa,
subindo pela vida.

E quando eu caminhar pelo vale da sombra,
ela descerá ao pequeno porto, descalçando as sandálias,
mergulhando no mar,
repetindo os nomes de todos os que partiram,
de todos os que a amaram,
hesitando à entrada da taberna,
vendo o meu lugar vazio, o violino sobre a mesa, um
silêncio maior que a lentidão das praias,
e pensará em tudo, em cada som, em cada lágrima, em
nada.

Ela voltará as costas.

Nunca fomos deste mundo, dir-lhe-ei por fim, ao fechar
a última porta.

Autor : José Agostinho Baptista
Imagem : Evan Atwood

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