sexta-feira, 25 de março de 2022

qualquer dia


 qualquer dia a morte apanha-te
desprevenido
sem o teu fato
imbuído de alfazema
traz sempre uma camisa branca
um lenço de seda
uma marca
— não tem de ser especial —
porque qualquer dia a morte apanha-te
e quem te transportará a casa
nu e frio
quem te cobrirá com um lençol?
um fruto é um fruto
um fruto cai
é de quem o apanha
mas se a morte
não te devolve a casa
faz um desenho,
pequeno, no braço,
e quando a folha maior da árvore
não se mexer
prepara-te
tudo o que pára
pode ser um sinal

Autor : Ana Paula Inácio

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

A morte caminha ao nosso lado.

" R y k @ r d o " disse...

Fiquei assustado e com medo de, em alguma esquina, a morte estar à minha espera. Sei que um dia vai acontecer mas...que demore mais um pouco. Belo poema. Imagem que assusta, lol
.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Cidália Ferreira disse...

Um poema belo e intenso!
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Coisas de uma Vida

Votos de um excelente fim de semana. Beijos