sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Esperança



Manhãs e poentes atravessam os meus
olhos e os horizontes permanecem à distância
de um sopro infinito. Há veios de ternura no
tecido baço das folhas, mas a palma das minhas
mãos é um trilho desfeito pela tempestade
que me levou o tecto e me deixou para ser ruína.
E agora sou uma casa abandonada. Tão frágeis
as paredes do coração, que tremem. Tão finas
que transparece tudo o que já passou.
A minha alma é um poema verde manchado
de sangue rompendo as fissuras envenenadas
das minhas paredes doídas.
E não sei porquê, resisto de pé.
À espera de ser ruína.
Ou outra sombra qualquer.

Autor : Virgínia do Carmo

2 comentários:

Cidália Ferreira disse...

A imagem e o poema casam bem!:)
*
Rasgam-se pensamentos pelas nuvens
.
Beijo, e um excelente fim de semana.

" R y k @ r d o " disse...

Ontem possivelmente um ilustre palacete... Hoje umas ruinas que fazem doer o coração. O poema é de uma intensidade que emociona.
.
Cordial abraço
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
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