Se tu viesses agora,
Se entrasses àquela porta
e te viesses sentar
mesmo defronte de mim
nesta cadeira vazia
ocupada de silêncio,
E me dissesses bom dia
boa tarde
ou boa noite
(qualquer coisa aconchegada
a anunciar o regresso),
e me sorrisses depois
num compromisso ternura,
Se o gesto da tua mão
recaísse no meu ombro
a atenuar a distância
entre mim e a tua ausência,
Se me desses a entender
que o erro das nossas vidas
não foi acto consumado
e que nada chega ao fim
sem que seja ultrapassado
pelo querer da decisão,
Se tudo isto acontecesse,
Se por milagre
ou loucura
eu agarrasse a lonjuga
e te fizesse mais perto,
com certeza que morria
ou renascia contigo
nesse preciso momento.
Autor :Manuela Amaral
in ""Tempo de Passagem"
Imagem : Viktoria Haack
Imagem : Viktoria Haack
2 comentários:
Por vezes é ensurdecedor o silêncio da solidão. Noutras, a calma que um coração precisa...
.
Feliz fim-de-semana
Abraço
Muito bonito este poema. Revela que se o outro soubesse como somos capazes de fazer a ponte para a retoma, tudo seria mais fácil.
Enviar um comentário