O meu poema teve um esgotamento nervoso.
Já não suporta mais as palavras.
Diz às palavras: palavras
ide embora,
ide procurar outro poema
onde habitar.
O meu poema tem destas coisas
de vez em quando.
Posso vê-lo: ali distendido
em cama de linho muito branco
sem perspectivas ou desejo
quedando-se num silêncio
pálido
como um poema clorótico.
Pergunto-lhe: posso fazer alguma coisa por ti?
mas apenas me fixa o olhar;
fica a li a fitar-me de olhos vazios
e boca seca.
Autor : Daniel Jonas
Imagem : Ira Zhuyka Dzhul
3 comentários:
Poeticamente sublime
.
Abraço
Curioso poema, original.
Tão perfeito, que as palavras fogem para descrever a mudez desse silêncio.
Abraços do amigo,
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/
Enviar um comentário