sexta-feira, 10 de julho de 2020

quando o sol morre


Na linha rubra do horizonte, a serra,
como um monstro, adormecido,
tem o ar repousado e indefinido
de quem dorme há mil anos sobre a terra!

O arvoredo, os braços nus descerra

para o azul, já frio e diluído –
curvado o tronco negro e carcomido
rezando pelo sol que se desterra…

Ao longe os corvos, velhos e palreiros,
lá andam a contar pelos outeiros
feitiços de gigantes encantados!...

E o vento desvairado em seu fragor
vai pelos montes, repetindo a dor,
dos que andam pela vida, desgarrados.

Autor : Judith Teixeira outubro 1922
castelo de sombras 1923

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Tanto a foto como o poema são de uma textura poética maravilhosa.
.
Abraço

brancas nuvens negras disse...

Poemas de uma mulher avançada para o seu tempo. Boa escolha.

George Sand disse...

Gostei muito do espaço.
Dos poemas e das fotografias.