quinta-feira, 18 de abril de 2019

Paz aos Mortos

Detestei sempre os arquitectos de infinito: 
como é feio fugir quando nos espera a vida! 
Nunca tive saudades do futuro 
e o passado... o passado vivi-o, que fazer?! 
- e não gosto que me ordenem venerá-los 
se eu todo não basto a encher este presente. 

Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi. 
Tenho, talvez, desprezo 
por esta débil haste que raramente soube 
merecer os dons da vida, 
e se ficava hesitante 
na hora de passar da imaginação à vida. 

As pazadas de terra cobrindo o que já fui 
sabem mal, às vezes; noutros dias 
deliro quando lanço à vala um desses seres tristonhos 
que outrora fui, sem querer. 

Autor : Adolfo Casais Monteiro
in 'Sempre e Sem Fim' 

1 comentário:

Larissa Santos disse...

Tristes momentos... Paz às suas almas:((

Hoje, com a participação de ambos:- Páscoa :- JESUS é Amor, Luz, Felicidade (Poetizando e Encantando)

Bjos
Votos de uma óptima noite, e uma Santa Páscoa.